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CISTERNA DE ISTAMBUL

A construção garantia o abastecimento de água em tempos de guerra

Célia M. Penido Publicado em 10/04/2016, às 09h41 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

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O magnífico edifício foi redescoberto no século 16 - Shutterstock
O magnífico edifício foi redescoberto no século 16 - Shutterstock


No ano 532, o imperador do Império Romano Bizantino, Justiniano, utilizando o trabalho de 7 mil escravos, mandou construir uma cisterna subterrânea na cidade de Constantinopla, visando o abastecimento de água aos habitantes em caso de guerra. Pela sua excelente posição estratégica, a cidade era constantemente assaltada por cruzados, mercenários e grupos de bárbaros vindos do norte e temia ficar sitiada sem possibilidade de receber água.

Localizada no Mar de Marmara, à margem do Estreito de Bósforo, Constantinopla fazia a ligação do Mar Mediterrâneo com o Mar Negro e era ponto importante da Rota da Seda, vinda da China. Antiga colônia Mégara, fundada pela Grécia em 658 a.C., a próspera cidade foi perdida pelos atenienses em 405 a.C. para os persas. Constantino a reconstruiu dando-lhe o nome de Constantinopla e tornou-a capital de seu império em 330.

Cheia de riquezas e cobiçada por diferentes povos, a cidade com suas muralhas de defesa precisava se proteger para tempos de guerra intermitente. Todos temiam a destruição do Aqueduto de Valente, que abastecia a cidade, localizado a 19 quilômetros, próximo ao Mar Negro. A construção de um reservatório significaria a sobrevivência em tempos de luta. 

A cisterna da Basílica (em turco Yerebatan Sarnici ou Yerebatan Sarayi), ou Palácio Subterrâneo ou Afundado, está localizada a poucos metros do centro histórico, ou Hipódromo Romano, ao lado da Praça Sultanahnet, perto de Hagia Sophia e do Palácio Topkapi da atual Istambul. Construída numa área de de 10 mil metros quadrados e capacidade de armazenamento de 80 mil metros cúbicos de água, possui 336 magníficas colunas romanas procedentes de templos pagãos da Anatólia, a maioria pilares coríntios e jônicos. Os pilares formam 12 linhas de 28 colunas que surpreendem pela beleza e pelos estilos variados. O teto, de 8 metros de altura, é uma abóbada feita de tijolos romanos cozidos.

A estrutura subterrânea é sustentada por duas cabeças de Medusa, uma deitada e outra de cabeça para baixo. As medusas são seres mitológicos cuja cabeça é coberta de serpentes e transformam em pedra quem as encara. Com proporções enormes, é uma construção avançada para a época. Foi utilizada até o final do século 14 e abandonada durante o Império Otomano, que tinha um sistema próprio de água corrente.

A construção foi redescoberta no século 16, pelo viajante holandês P. Gyllius, que procurava resquícios da arte bizantina. Restaurada no século 19, depois de servir como depósito de madeira, foi aberta ao público em 1987.

Atualmente, a Cisterna da Basílica recebe viajantes de todo o mundo, que se deslumbram com a grandiosidade da arquitetura romana. Frequentemente, há concertos em um pequeno salão de chá no piso subterrâneo. Carpas nadam tranquilamente nesse enorme reservatório, demonstrando a boa qualidade da água ali depositada.