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Notícias / México

Braço de múmia cai em museu no México e gera acusação de negligência

Falta de cuidados com múmias de museu gerou uma 'briga' entre uma agência federal de arqueologia e o estado de Guanajuato; entenda!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 28/05/2024, às 11h32

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Museu das Múmias de Guanajuato - Russ Bowling via Wikimedia Commons
Museu das Múmias de Guanajuato - Russ Bowling via Wikimedia Commons

No México, uma 'briga' entre uma agência federal de arqueologia e o estado de Guanajuato ganhou novos episódios após o braço de uma múmia "cair" durante exposição em um museu.

O Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) acusa a administração local de não cuidar adequadamente de um dos mais famosos corpos mumificados do país, que remete ao século 19. 

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O órgão alegou que, durante as recentes renovações do museu, onde os corpos mumificados estão em exposição permanente, o braço de uma das múmias caiu, conforme repercutido pelo The Independent. 

Os restos mortais foram enterrados no começo dos anos 1800 e desenterrados em meados de 1860, devido ao fato das famílias não terem mais condições de pagarem as taxas funerárias.

Assim, as múmias passaram a ser expostas em vitrines de vidro em um museu em Guanajuato, capital do estado de mesmo nome. Os restos também já foram transportados para feiras de turismo ao longo das décadas, como a 'visita' aos Estados Unidos em 2009.

Disputa

A acusação do INAH é só mais um dos episódios entre a disputa territorial do órgão — que acredita ter jurisdição sobre as múmias porque diz que elas são "patrimônio nacional" — e Guanajuato — que as considera uma "atração turística".

O estado de Guanajuato é governado pelo Partido Ação Nacional, cujo partido Morena, que detém o poder na esfera federal, considera seu arqui-inimigo. Na última segunda-feira, 27, o instituto disse que exigiria uma prestação de contas sobre quais autorizações e procedimentos foram seguidos durante as reformas do museu.

"Estes acontecimentos confirmam que a forma como o acervo do museu foi movimentado não é a correta e que, longe de aplicar estratégias corretivas e de conservação adequadas, as ações realizadas resultaram em danos, não só a este órgão", escreveu o instituto no comunicado. 

Parece que esta situação está relacionada com a falta de conhecimento sobre protocolos adequados e com a falta de formação do pessoal encarregado de realizar estas tarefas", continuou.

O The Independent aponta que os cadáveres foram mumificados involuntariamente quando foram enterrados em criptas em um ambiente de solo seco e rico em minerais. Alguns ainda têm cabelos, pele coriácea e roupas originais.

O INAH parece frustrado pelo fato de profissionais de Guanajuato, e não do próprio instituto, serem responsáveis por aproximadamente 100 múmias. Em parte porque a maioria deles foi desenterrada antes da fundação do INAH em 1939; assim permanecendo sob controle do Estado, algo que irritou autoridades federais no passado.

Em 2023, especialistas do instituto queixaram-se de que uma exposição itinerante de múmias poderia representar um risco para a saúde do público, porque uma das múmias parecia ter crescimentos fúngicos.

Na época, o instituto federal distanciou-se da decisão do governo estadual de exibir seis das múmias em vitrines de vidro em uma feira de turismo na Cidade do México. Afinal, não havia garantias de que as caixas eram herméticas e o instituto disse que também não havia sido consultado sobre a exibição.

É ainda mais preocupante que eles ainda estejam sendo exibidos sem as salvaguardas para o público contra riscos biológicos", disse o instituto, segundo o The Independent. 

"A partir de algumas fotos publicadas, pelo menos um dos cadáveres expostos, vistoriado pelo instituto em novembro de 2021, apresenta indícios de proliferação de possíveis colônias de fungos", prosseguiu. "Tudo isto deve ser cuidadosamente estudado para ver se são sinais de risco para o legado cultural, bem como para quem os manuseia e os visitantes".