A domesticação de burros é muito anterior à de cavalos, tendo sido os animais extremamente importantes na história
Éric Moreira Publicado em 13/09/2022, às 17h05
A partir da análise da história da humanidade, desde os períodos mais antigos, é possível se notar constantemente a presença de um animal em específico, principalmente quando se trata de uso para trabalhos pesados e transporte: o burro. No entanto, ao contrário dos cavalos, cuja domesticação é relativamente recente na história humana, pouco se sabe sobre como o processo se deu com os animais.
Dessa forma, com o objetivo de responder à questão, uma equipe internacional de cientistas, chefiados pela geneticista Evelyn Todd, da Universidade Paul Sabatie, na França, realizou uma análise de genomas e comparou, em burros modernos e antigos. Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista científica Science na última quinta-feira, 8.
Segundo os resultados da pesquisa, como informado pela Revista Galileu, o animal — ou a interação entre ele e os humanos — teria se originado há mais de 7 mil anos na África Oriental, além de o estudo apontar diferenças entre as linhagens africanas e eurasiáticas. De acordo com os resultados, os animais serviram principalmente a comunidades de baixa e média renda, para transporte de cargas em longas distâncias, em especial em ambientes de semiárido e planaltos.
No entanto, com o desenvolvimento das sociedades e da industrialização, a utilização de burros para tais trabalhos se tornou menos necessária e, por isso, a origem do animal foi pouco analisada e valorizada.
A partir da análise feita de genomas de burros atuais e antigos, comparando-os, pôde ser concluído pelos pesquisadores que um único evento de domesticação foi responsável por toda a disseminação do uso do animal para os trabalhos necessários às sociedades, tendo ocorrido na África por volta de 5 mil a. C., o que implicou na expansão das sociedades africanas para as regiões da Europa e Ásia, com a aridificação do Saara.
Graças a essa separação geográfica, então, os animais acabaram se adaptando e diferenciando, o que implica na grande variedade de animais semelhantes que podem ser encontrados em diferentes períodos históricos e regiões do mundo.
Descobrimos uma linhagem genética anteriormente desconhecida na região do Levante que existia há cerca de 2,2 mil anos, que contribuiu para aumentar a ascendência em direção à Ásia", apontam os especialistas no estudo.
