Viagem do curso ocorreu durante o Carnaval de 2023; grupo nega realizar turismo sexual
Redação Publicado em 15/03/2023, às 18h00
Dois estadunidenses que se apresentam como David Bond e Mike Pickupalpha (o sobrenome falso sendo um trocadilho misturando "cantada" e "macho alfa") e se autointitulam "coaches de namoro" criaram um grupo em Las Vegas, nos EUA, chamado Millionaire Social Circle (MSC), que organizou uma viagem para São Paulo para oferecer curso "para pegar mulher".
O MSC tem o costume de viajar para países subdesenvolvidos. O grupo já esteve na Colômbia, Costa Rica e Filipinas, e veio ao Brasil entre os dias 14 e 28 de fevereiro de 2023, que coincidiram com o Carnaval. Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, a viagem é aonde o aluno vai colocar em prática o que aprendeu no curso, que diz que os participantes têm "100% de chances de transar".
O curso custa entre US$ 4 mil e US$ 12 mil (ou seja, de R$ 20 a R$ 60 mil). Entre os motivos que os tutores do MSC elencaram para escolher São Paulo estavam as "mulheres exóticas" e a "exótica justaposição entre ricos e pobres". Para eles, o país é enxergado como outra realidade onde "amassos são mais comuns que apertos de mão".
Em uma festa organizada pelo MSC em uma mansão no Morumbi, bairro rico de São Paulo, algumas brasileiras foram convidadas e duas delas afirmaram à Folha que não sabiam nada sobre o curso, e se sentiram enganadas e objetificadas.
Uma jovem que pediu para não ser divulgada e se envolveu com um dos membros do MSC realizou uma denúncia anônima contra o grupo no site do governo de São Paulo, alegando que eles promovem turismo sexual.
Thais Cremasco, advogada e conselheira estadual da OAB-SP, disse à Folha de S. Paulo que a viagem do MSC ao Brasil para se relacionar com mulheres é uma espécie de "desprezo pelo corpo feminino e objetificação do corpo da mulher, que é tratado como um produto".
Depois que a viagem do MSC começou a repercutir nas redes sociais, os integrantes do grupo realizaram uma live onde disseram terem sido vítimas da "cultura do cancelamento" no Brasil, alegando terem sido acusados falsamente de turismo sexual.
Mike, um dos fundadores do MSC, disse que as críticas vieram de "feministas estúpidas", e ainda ofendeu as mulheres que criticaram o grupo, dizendo que uma pessoa que gravou um vídeo falando sobre a festa do MSC era uma "garota feia e gorda".
