Uma viagem pelo deserto do Kalahari se tornou um enorme pesadelo para uma dupla de amigas — mas, graças às suas estratégias de sobrevivência, tudo ficou bem no final
As suecas Helene Åberg e Jenny Söderqvist embarcaram em uma complicada jornada no deserto de Kalahari, no sul da África, apenas para enfrentarem o maior susto de suas vidas.
A amizade entre elas surgiu durante o trabalho para a televisão sueca, e quando Helene viu uma oportunidade de emprego em Gaborone, no Botsuana, ela persuadiu Jenny a acompanhá-la em uma aventura pela savana Kalahari.
Apesar dos preparativos meticulosos e da expectativa de uma viagem memorável, o destino reservou um desafio extraordinário. Durante a excursão, elas se depararam com uma ameaça inesperada: o caminhão em que estavam começou a pegar fogo. Conscientes dos perigos do terreno, elas enfrentaram o dilema de saltar do veículo em chamas para o solo seco e inflamável do Kalahari. O caso ocorreu em 2006.
Achei que era o meu fim, mas consegui sair do caminhão. Mesmo muito machucada, fugi do veículo, que ainda estava em chamas, em direção à grama. Vi Helene correndo em direção ao caminhão. Achei estúpido e comecei a gritar com ela: 'Não chegue perto do caminhão! Não chegue perto do caminhão!'", contou Jenny à BBC.
De repente, o carro explodiu e levantou meio metro do chão, fazendo um barulho alto. Comecei a hiperventilar, pensando: 'O que vamos fazer? Vamos morrer'.
Após escaparem do incêndio, as amigas perderam todos os suprimentos essenciais para a jornada, incluindo comida, água e mapas.
Determinadas a sobreviver, porém, iniciaram uma caminhada angustiante em direção à cidade mais próxima, enfrentando obstáculos físicos e o temor constante da presença de leões na região.
Durante a noite, Helene viu dois pontos vermelhos se movendo em direção à dupla. Depois, notou que eram, na verdade, quatro.
Mais tarde descobrimos que o único animal naquela área cujos olhos parecem pontos vermelhos desse tamanho são os leões", disse Helene ao portal BBC.
Para afastar os animais, elas optaram por fazer barulho, cantando e gritando palavras aleatórias. Ao se depararem com uma estrutura que parecia um muro de pedra, descobriram que era um banheiro, onde descansaram até amanhecer.
Quando amanheceu, vimos três casas não muito longe, a 150 metros. Ficamos muito felizes, sabíamos que estaríamos seguras, mas quando chegamos, batemos nas portas e janelas e nada. Não havia sinais de vida. Elas haviam sido abandonadas”, disse Jenny.
Por sorte, as suecas conseguiram entrar em uma das residências, onde encontraram comida e água. Porém, um barulho repentino as alertou para a possível presença de leões.
Próximo às casas, viram um trator, mas sem a chave. Utilizando um abridor de latas, as mulheres conseguiram colocar o veículo em funcionamento e seguiram em direção ao Grasslands Safari, onde encontraram um homem, que as auxiliou.
Após receberem assistência, Helene e Jenny entraram em contato com a polícia, embaixada e seus familiares. Até hoje, anos depois, elas atribuem sua sobrevivência ao fato de estarem juntas e de terem complementado suas estratégias de sobrevivência.
