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PODCAST AH / Ditadura militar brasileira

O legado da Ditadura Militar no futebol brasileiro

“Tudo isso também vem muito de uma forma de se pensar o país de maneira autoritária”, diz Carlos Massari ao Aventuras na História

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 04/12/2022, às 00h00

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Seleção Brasileira na Copa de 1970 - Domínio Público via Wikimedia Commons
Seleção Brasileira na Copa de 1970 - Domínio Público via Wikimedia Commons

O fracasso na Copa do Mundo de 1966 e a implementação do AI-5, em dezembro de 1968, fizeram com que o governo militar, que assumiu após o Golpe em 1964, tivesse que repensar o futebol como forma de ferramenta política.   

Do lado da Seleção, tivemos o ‘fritamento’ do técnico João Saldanha e a conquista da Copa de 70 como o auge do governo de Emílio Garrastazu Médici. Já num cenário voltado aos clubes, a partir de 1971, foi criado o Campeonato Brasileiro que passou por algumas mudanças até chegar no formato que conhecemos hoje. Mas, afinal, qual o principal legado deixado pela Ditadura para o futebol brasileiro?

Em entrevista exclusiva ao site do Aventuras na História, em parceria com o portal SportBuzz, Carlos Massari e Aurélio Araújo, idealizadores do perfil Copa Além da Copa, discutiram como o regime moldou a sociedade através do futebol, principalmente na década de 1970, período do dito ‘milagre econômico’. 

Para entender essa questão, porém, Massari aponta que nós, como sociedade, ainda temos uma enorme dificuldade de entender o futebol como algo que vai além das quatro linhas, principalmente pela máxima, já ultrapassada, “futebol e política não se misturam”. 

É uma forma de tentar tirar do futebol o peso político que ele pode ter”, justifica. 

Militarismo enraizado

Carlos Massari ainda ressalta que, apesar de quase quatro décadas após o fim da Ditadura, o militarismo ainda está enraizado não só no futebol, mas como em toda a sociedade. “Eu acho que a herança da Ditadura está na nossa sociedade como um todo”. 

“Porque a gente ainda não se livrou de muitas coisas, até por esse final de ‘vamos anistiar todo mundo’. A gente não se livrou de muitas coisas que aconteceram nessa época, como o nosso sistema educacional ainda tem muito da Ditadura; essa coisa de uma busca por disciplina. Dessa coisa de você tirar um pouco o pensamento de certas matérias pra ser uma coisa mais decorada. E, com isso, você acaba também tirando um pouco o espírito de luta da própria sociedade”, argumenta.

Ele acredita que isso se torna um reflexo tanto da sociedade quanto no âmbito esportivo. Já do ponto de vista mais físico, Massari cita os chamados elefantes brancos, ou seja, estádios que não são usados ou que estão em péssimas condições. 

Caindo aos pedaços praticamente. São estádios enormes que não são compatíveis com as cidades que eles têm”, aponta. 

Para se ter uma ideia, aponta matéria do portal Trivela, 52 estádios significativos foram construídos durante o período do regime, sendo 32 deles apenas durante os anos 70, quando Médici e Ernesto Geisel estavam no poder. 

Estádios contruídos durante a Ditadura militar brasileira/ Crédito: Domínio Público

Por fim, Carlos Massari aponta que o período militar também moldou a forma que os clubes se organizam: “Eu acho que os clubes ainda não têm um um estatuto democrático, muitas vezes, que permitem ao torcedor, ao sócio, participar diretamente da formação dos clubes. Participar diretamente de eleições; participar de estatutos internos. Tudo isso também vem muito de uma forma de se pensar o país de maneira autoritária”, finaliza.


Carlos Massari e Aurélio Araújo foram entrevistados pela equipe do Aventuras na História, em parceria com o portal SportBuzz, em uma série especial de podcasts que ligam a História do Brasil e do futebol. A entrevista na íntegra já está disponível. Ouça abaixo!