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Matérias / Rações

Cardápio e conservação: 5 curiosidades sobre as rações dos soldados americanos

Diferente das atuais refeições diversas e balanceadas, o histórico de guerras mostra diferenças nas rações, inclusive por patente

Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 02/10/2022, às 10h00 - Atualizado em 25/11/2022, às 20h00

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Soldados americanos durante refeição - Getty Images
Soldados americanos durante refeição - Getty Images

Hoje em dia, as famosas MRE — sigla para 'meat-ready-to-eat', ou 'refeição pronta para consumo', em tradução livre — são bem conhecidas por todo o mundo.

Os pacotes de alimentos são utilizados especialmente por militares, ainda mais durante missões específicas, devido a sua facilidade de armazenamento, preparo, transporte e consumo — além de apresentarem considerável variedade de produtos e diferenças entre países.

No entanto, nem sempre as rações militares foram assim: no princípio, muito já se sofreu com alimentos que estragavam, pouca variedade de produtos e, até mesmo, desnutrição e algumas doenças, devido à insuficiência vitamínica. Visto isso, confira a seguir 5 curiosidades sobre as rações militares americanas ao longo do tempo:

1. Sem parar para comer

Durante a Revolução Norte-Americana — também conhecida como Independência dos Estados Unidos, quando se deu o fim da colonização inglesa sobre as treze colônias americanas —, em 1775, até 1815, o transporte e a conservação dos alimentos era a maior dificuldade enfrentada pelas tropas.

Então, para tentar burlar o eventual vencimento dos produtos, os estoques — que eram mantidos utilizando apenas sal — eram posicionados em pontos específicos ao longo das linhas de suprimento da infantaria, e distribuição era feita em grupos, de forma que todos comiam enquanto andavam, para não desperdiçar tempo e fazer a comida valer mais a pena.

Na época, as rações militares eram simples, pouco nutritivas e com baixa variedade. Elas eram constituídas por carne de porco, bovina ou peixe; ervilhas ou feijões; arroz ou bolo de fubá; leite ou cracker de água, farinha e sal — apelidado de hardtack —; e uma cerveja ou uma cidra.

2. Vantagens de patente

No entanto, as rações militares ainda eram pouco nutritivas para as tropas — sem contar que o armazenamento muitas vezes era inadequado —, de forma que muitos soldados sofriam com várias doenças, por vezes. No entanto, foi durante a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, que isso mudou e, pela primeira vez, água fresca e comida aquecida foram entregues nas trincheiras, de acordo com a Superinteressante.

Na época, porém, as rações ainda eram simples e pouco variadas, constituídas por carne bovina ou carne assada enlatada; salmão; sardinhas; hardtack ou crackers; além de café, açúcar e sal. Para oficiais de alta patente ou tropas de elite, ainda, haviam alguns itens valiosos como chocolate e bolo.

3. Variedade

Foi já na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, que foram lançadas as chamadas 'rações de alfabeto'. O nome foi dado porque, na época, os alimentos começaram a apresentar maior variedade e, para identificá-los, cada cardápio era designado por uma letra. Foi também neste momento que surgiram as primeiras rações pré-cozidas.

Soldados com rações militares / Crédito: Mass Communication Specialist 1st Class Carmichael Yepez / Wikimedia Commons

A do tipo 'C' era a mais comum de ser distribuída para os soldados, e tinha, em seu menu, hardtacks, crackers, goma de mascar, café e, pela primeira vez, cigarros. Além disso, também poderiam apresentar variações com espaguete e almôndegas em lata, ensopado de carne em lata ou feijão em lata; e chocolate ou balas.

Na Guerra da Coreia, de 1950 a 1953, os Estados Unidos continuaram utilizando a ração tipo 'C'.

4. MKTs

Na Guerra do Vietnã, de 1957 a 1975, a nutrição das tropas finalmente passou a ser mais considerada, e com isso uma dieta mais balanceada foi disponibilizada, contendo bife grelhado enlatado, batatas assadas amanteigadas com cebola, ensopado de tomates, salada de repolho e pimentas-verdes, pão de milho e café. Nessa época, também — mais especificamente em 1972 —, os cigarros foram removidos do cardápio.

Já no que se refere à preservação dos alimentos, aqui surgiram melhorias também: devido ao excesso de umidade da região em que a batalha acontecia, além da dificuldade de locomoção, os estadunidenses adotaram cozinhas móveis em trailers, que vieram a ser chamadas de MKTs — da sigla em inglês para 'mobile kitchen trailers' —, para preservar o frescor dos produtos.

5. MRE

Durante a Guerra do Golfo, que se estendeu de 1990 a 1991, os soldados americanos se serviam das chamadas MRE — sigla de 'meat-ready-to-eat', inglês de 'refeições prontas para consumo' —, criadas em 1983. Nelas, os soldados eram servidos com pacotes individuais e hermeticamente fechados, de forma a preservar ainda mais os alimentos.

Aqui, as refeições começaram a variar mais e, atualmente, como pode ser visto em conflitos como a Guerra do Iraque e do Afeganistão, ela foi ainda aperfeiçoada com meios para os alimentos se esquentarem apenas com adição de água, a partir de reações químicas que liberam calor.

As MRE estadunidenses contam com 24 tipos de menu diferentes, incluindo opções vegetarianas e kosher — para seguidores do judaísmo. Uma das várias opções chega a contar com macarrão ao pesto com frango, ratatouille, rocambole de canela, sopa de batatas com cheddar, castanhas de caju temperadas com pimenta jalapeño e cerejas desidratadas.