Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Charles Sobhraj

Charles Sobhraj: Os crimes do serial killer solto pela Justiça

Liberado hoje, 21, pela corte suprema do Nepal, os crimes de Charles Sobhraj até inspiraram produção da Netflix

Ingredi Brunato Publicado em 23/11/2020, às 19h00 - Atualizado em 21/12/2022, às 16h09

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O serial killer Charles Sobhraj - Reprodução/Video
O serial killer Charles Sobhraj - Reprodução/Video

Nesta quarta-feira, a corte suprema do Nepal ordenou a soltura de Charles Sobhraj, serial killer que fez diversas vítimas em países asiáticos na década de 1970. A Justiça do país considerou que o criminoso, de 78 anos, teria direito à liberdade em decorrência de sua saúde. 

Manter sua prisão não seria conforme aos direitos humanos do prisioneiro", justificou o órgão. 

"Se não houver outro processo em curso contra ele que o mantenha preso, esta corte ordena sua liberação hoje e o retorno a seu país dentro de quinze dias”, continuou o comunicado. 

Preso desde 2003 pelo assassinato de dois turistas, os crimes de Charles Sobhraj serviram de inspiração para a minissérie da Netflix ‘O Paraíso e a Serpente’, lançada em 2021. Saiba mais sobre os crimes de Charles Sobhraj!

O Assassino do Biquíni

Charles Sobhraj viveu uma vida de crimes. Entre seus delitos, estão roubos, fraudes, contrabando de automóveis, assalto à mão armada e, como diz seu famoso título de “Assassino do Biquíni”, também somam-se diversos assassinatos à lista de ilegalidades. 

Embora seja considerado um assassino em série, Charles se difere de outras figuras clássicas dentro dessa mesma classificação por não matar pessoas simplesmente pelo ‘prazer’ de fazê-lo, mas sim porque queria roubar o passaporte da vítima, se passando por ela em uma viagem. Por conta disso, também foi apelidado de 'cobra'.

Eram motivos muito mais práticos e, frequentemente, um "efeito colateral" dos ganhos financeiros que ele buscava com suas atividades criminosas

O serial killer também tinha uma grande capacidade de persuasão das pessoas ao seu redor, seja pela lábia, manipulação ou então, pela chantagem. Essa habilidade lhe rendeu uma vida confortável — até mesmo quando estava dentro da cadeia. 

Início da vida 

Nascido no Vietnã, CharlesSobhraj passou a infância tendo que mudar-se constantemente para a França e de volta ao seu país de origem. Em ambos lugares, experienciou violência e bullying

Se tornou um adolescente delinquente, cometendo roubos constantes, até o dia que foi pego. Já nessa época, era muito persuasivo, de forma que ganhou a simpatia dos guardas prisionais — conseguindo favores que outros não recebiam, como, por exemplo, a permissão para guardar livros em sua cela. 

Foi também nesse ambiente que conheceu Felix d'Escognem, um jovem rico que fazia trabalho voluntário lá. Sobhraj rapidamente se aproximou e ganhou a simpatia dele. Assim, depois da prisão, o vietnamita ganhou um passe livre para transitar pelos ambientes da alta sociedade francesa; ao mesmo tempo que manteve sua vida de crimes, acumulando dinheiro através de fraudes e furtos. 

Sua segunda estadia na cadeia veio quando foi flagrado dirigindo um veículo roubado. Mais uma vez, o encarceramento não significou de forma alguma uma interrupção de seu estilo de vida criminal, que prosseguiu após sua soltura, oito meses mais tarde.

Na verdade, pode-se dizer que os delitos aumentaram de nível: depois da prisão, Charles começou a fazer lavagem de dinheiro, e logo precisou escapar da França para manter sua liberdade. 

Profissionalização no ramo do crime

Agora casado, o vietnamita e sua esposa francesa, Chantal Compagnon, viajaram com documentos falsos e o dinheiro que roubavam dos turistas com quem faziam amizade.

Nessa nova fase da vida de Charles, ele elaborou uma estratégia para não cumprir mais as sentenças que pegava: alegava estar com uma doença, drogava o guarda que estava com ele no momento de ir para o hospital e escapava. Depois da segunda vez repetindo o truque, Chantal cansou do crime e se separou dele, voltando para a França.  

Viver como um criminoso procurado exigiu algumas adaptações do homem, que passou os anos seguintes viajando de país em país e roubando mais turistas (principalmente hippies, por quem ele parecia nutrir um desprezo pessoal).

Sobhraj frequentemente fingia ser alguém rico (como um vendedor de jóias ou traficante de drogas) e, após ganhar a confiança de suas vítimas, passava a perna nelas. Frequentemente, drogava os turistas para então cometer as fraudes e furtos. 

CharlesSobhraj até teve uma reconciliação com seu meio-irmão mais novo, que estava no mesmo ramo de negócio que ele. Quando uma operação dos dois deu errado, todavia, Sobhraj não hesitou em escapar para salvar a própria pele, deixando o outro para trás para ser pego. 

Para tornar suas operações ainda mais complexas, Charles reuniu uma gangue usando diversos métodos de manipulação, por exemplo, ajudando pessoas a reencontrar documentos que ele mesmo roubou, ou cuidando de alguém com disenteria — quando foi ele o responsável por envenenar esse alguém. 

Segundo o vietnamita alegou, muitos de seus assassinatos teriam sido overdoses acidentais, quando ele deu doses fortes demais para turistas que pretendia dar um golpe.

Qualquer que seja a verdade, muitas pessoas foram mortas dessa forma, e quando duas mulheres apareceram envenenadas pelo mesmo método, ambas usando roupas de banho floridas, Sobhraj ganhou seu famoso apelido. 

As prisões

Segundo a agência RFI, Charles Sobhraj foi preso na Índia em 1976, por ser responsável pela morte por envenenamento de um turista francês. Pelo crime cometido na cidade de Delhi, ele foi condenado a 12 anos de prisão. 

Uma década depois, ele acabou escapando da penitenciária, mas foi detido novamente, mais tarde, no estado indiano de Goa. Sobhraj, então, permaneceu encarcerado até 1997, quando se ‘aposentou’ em Paris. 

Em 2003, entretanto, foi preso no Nepal, após ser avistado no distrito turístico de Katmandu. Meses depois, foi condenado à perpétua pela morte da turista norte-americana Connie Jo Bronzich, crime ocorrido em 1975. Dez anos depois, ele recebeu outra condenação pelo assassinato do parceiro de Connie

Em 2003, entretanto, foi preso no Nepal, após ser avistado no distrito turístico de Katmandu. Meses depois, foi condenado à perpétua pela morte da turista norte-americana Connie Jo Bronzich, crime ocorrido em 1975. Dez anos depois, ele recebeu outra condenação pelo assassinato do parceiro de Connie

Nesta quarta-feira, 21, porém, ele foi liberado pela Justiça do país por razões de saúde. Atualmente, Charles Sobhraj tem 78 anos.