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Matérias / Futebol

Briga de torcidas em SP: PCC ordenou ‘acordo de paz’?

Por causa da selvageria entre organizadas, clássicos paulistas acontecem com torcida única desde 2016

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 16/02/2023, às 21h00

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Torcida do Palmeiras presente no Estádio do Morumbi - Fabio Previdelli/Aventuras na História
Torcida do Palmeiras presente no Estádio do Morumbi - Fabio Previdelli/Aventuras na História

Em 3 de abril de 2016, Palmeiras e Corinthians se enfrentaram pela 14ª rodada do Campeonato Paulista no Estádio do Pacaembu. Conflitos antes e depois da bola rolar, porém, que culminaram com a uma pessoa morta, foram a gota d’água para o Ministério Público pedir à Federação Paulista de Futebol para que clássicos no estado sejam disputados apenas com a presença da torcida mandante

A medida dura desde então, e se fará presente em outro Corinthians e Palmeiras, desta vez disputado na noite de hoje, 16, na Neo Química Arena. A questão das torcidas únicas em jogos envolvendo Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos dura há anos, bem antes da selvageria de 2016. 

Muito se discute sobre se a medida realmente inibe conflitos, visto que brigas entre organizadas acontecem independente do lugar. A medida também colocaria a violência como ‘vencedora’ desta discussão, afinal, a torcida única assina o atestado de incompetência dos órgãos públicos de prover segurança da população; que por sua vez ‘prova’ a incapacidade de conviver com quem escolhe algo diferente. A discussão vai muito além desses pontos, é verdade. 

Fato é que o apelo pela volta das torcidas dos dois times em um clássico paulista retornou recentemente, quando o Palmeiras enfrentou o Santos no Estádio do Morumbi, pertencente ao seu rival histórico, o São Paulo. Apesar de ser um clube adversário, o clima visto no estádio era de aconchego e festividade naquele último 4 de fevereiro.

Palmeiras e Santos se enfrentaram no Estádio do Morumbi (São Paulo) no início do mês/ Crédito: Fabio Previdelli/Aventuras na História

Quem defendia a volta das torcidas mistas, porém, ficou com um pé atrás pouco mais de uma semana depois. Visto que a Mancha Verde (torcida organizada do Palmeiras) protagonizou uma briga com a Gaviões da Fiel (Corinthians). 

Mas dessa vez o assunto ganhou outros ares, visto que, conforme repercutido pelo UOL, circula nas redes sociais e por grupos de WhatsApp uma série de áudios e textos atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) ordenando o fim dos conflitos entre torcidas organizadas

A motivação pelo envolvimento do PCC na discussão se dá, segundo relatos, pois um membro do grupo teria se ferido na briga — este pertencente à torcida alvinegra. Mas será que isso realmente aconteceu? 

Os áudios…

Os áudios que circulam nas redes sociais apontam que membros do PPC fizeram reuniões entre líderes das torcidas organizadas paulistas; onde teriam exposto sua insatisfação pela recente briga entre palmeirenses e corintianos, já que um dos envolvidos no conflito também seria integrante do Primeiro Comando da Capital

O material compartilhado sugere que o PCC teria dado ordens à membros e pessoas de fora da organização, os chamados “salves”, para que as brigas parassem de acontecer. Caso os atos de vandalismo entre torcedores se repetissem, apesar do “salve”, o líder da organizada que permitiu que isso ocorresse seria morto como punição por desrespeitas a ordem. 

Ao UOL, porém, Jorge Luís, presidente da Mancha Verde há dois anos, relatou que já conversava com líderes de outras torcidas organizadas para propor a paz nos estádios. Mas classificou a possível ordem do PCC como apenas um ‘boato’. 

Nossa diretoria, entre nós mesmo, se reuniu na nossa sede. Conversamos e estamos pregando a nossos associados que não vamos admitir cenas de selvageria em campo de futebol."

Luís relatou que o pedido foi iniciado dentro da própria Mancha e não foi dado sob “ordem de ninguém”. "Não houve ninguém abaixo de mim, nem vice, nem diretor, nem liderança de bairro, ninguém conversou com crime organizado."

Sabe-se, além do mais, que na última quarta-feira, 15, a Mancha, a Torcida Jovem (Santos) e a Independente (São Paulo), publicaram notas oficiais em suas redes proibindo que membros das organizadas protagonizaram cenas de violência. 

"Em reunião entre nossos líderes, diretoria e conselho, foi determinado que não serão tolerados atos de violência ou covardia entre os integrantes das torcidas. ACABARAM AS BRIGAS, sendo passível de punição e exclusão do quadros de associado", publicou a torcida são-paulina. 

Ordens do Primeiro Comando?

Apesar das manifestações recentes das organizadas, nada liga as ordens propostas com os ‘salves’ dados pelo PCC; que costumam ser identificados pelo Ministério Público e pela Polícia quando essas palavras de autoridade são dadas de dentro das cadeias. 

Ao UOL, um torcedor com anos de vivência em uma das torcidas, disse não saber da procedência dos áudios: “Se essa história do PCC é verdade ou não, é difícil saber”. 

Mas o que é verdade é o efeito que a história está tendo sobre as torcidas. Quem vai brigar agora? Ninguém vai se arriscar a desafiar uma 'ordem do PCC'”, garantiu. 

Apesar da falta de confirmação, Cesar Saad, delegado de polícia, apontou que irá apurar os possíveis áudios e mensagens de texto que circulam nas redes. O Ministério Público seguirá pelo mesmo caminho. Hoje à noite, Corinthians e Palmeiras se enfrentam em Itaquera. Esperamos que as notícias do dia seguinte sejam relacionadas apenas ao resultado da partida.