Apesar de seu tom de piada, o portal já foi contatado por indivíduos de fato interessados em encomendar crimes
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 10/12/2022, às 18h00
Em 2005, o norte-americano Bob Innes e outros três colegas de seu curso de Tecnologia da Informação decidiram abrir uma companhia de segurança virtual. Eles até mesmo compraram o domínio para seu site, escolhendo um nome engraçado: "RentAHitman.com".
Em inglês, "Rent a Hitman" significa, em tradução livre, "Contrate um Assassino de Aluguel". O grupo de amigos, todavia, estava fazendo um trocadilho com a palavra "Hit", que também pode ser usada no sentido de "tráfego de internet" — o que de fato tinha a ver com o serviço que eles pretendiam fornecer. Mais tarde, no entanto, eles acabaram abandonando o projeto.
O domínio do site, por sua vez, que lhes custou 9 dólares, se manteve no ar. Três anos depois, Bob decidiu ir verificar a excêntrica plataforma que havia criado com os colegas de classe, e descobriu algo que o deixou perplexo: naquele meio tempo, cerca de 300 pessoas haviam tentado contatar o site, e algumas dessas pareciam estar de fato tentando contratar um assassino.
Ele se deparou com mensagens como "Quanto custa o serviço?", "Vocês fazem extração de recursos?" e até mesmo "Vocês estão contratando?", segundo apurado pela revista People.
Foi neste momento que o estadunidense percebeu o potencial do portal como uma ferramenta para enganar pessoas que realmente queriam encomendar a morte de alguém.
A partir desse ponto, Innes decidiu caracterizar seu site totalmente dentro da temática anunciada pelo domínio. A plataforma anuncia ser aprovada pelo fictício "Ato de 1964 de Proteção e Privacidade de Informação de Assassinos de Aluguel", e uma líder da "indústria de solução de problemas" por mais de 100 anos.
Desde 1920, Rent-A-Hitman tem satisfeito clientes de todos os estilos de vida, desde cidadãos regulares (adultos ou crianças) até funcionários do governo e figuras políticas", anuncia o portal em tom animado.
Outros detalhes hilários são "testemunhos" de supostos clientes satisfeitos, o oferecimento de "soluções customizadas" para aqueles que desejam se livrar de valentões ou relacionamentos complicados, além de descontos para a terceira idade.
Guido [o CEO fictício da companhia] e sua equipe de relações públicas da Rent-A-Hitman conseguiram resolver uma disputa judicial de cinco anos em questão de dias. Recomendo muito!", relata Phil M., morador do estado norte-americano da Flórida, em um dos testemunhos inventados.
A despeito das alegações absurdas, ainda existem aqueles que pensam que a paródia é real. A plataforma oferece uma "consulta gratuita", direcionando possíveis interessados a um formulário onde é pedido que eles preencham uma série de informações pessoais a respeito de si mesmos e de suas vítimas em potencial.
Após a solicitação, o Rent-A-Hitman promete entrar em contato com um de seus 17.985 "agentes de campo" para a realização do serviço. O que de fato acontece, todavia, quando Bob Innes percebe que foi contatado por um indivíduo que realmente deseja cometer um crime, é o envio das informações do suspeito para o departamento policial mais próximo de sua localização.
Em entrevista à revista People, o norte-americano revelou que espera 24 horas antes de retornar as mensagens dos solicitantes confirmando se eles realmente querem fazer a contratação de um assassino de aluguel. É apenas após essa confirmação que ele encaminha o caso para as mãos das autoridades.
Até o momento, o site de Innes teria levado a cerca de 30 prisões, segundo alegado pelo homem, e também algumas condenações.
Também em conversa com a People, ele relembrou uma mulher britânica chamada Helen Kaplan, que, em 2010, foi até a plataforma para encomendar os homicídios de três membros de sua família após considerar que eles haviam roubado de sua herança.
A única maneira que ela achava que poderia se vingar deles era solicitando o assassinato. Ela forneceu seus nomes e endereços. Todas as informações foram facilmente corroboradas. Esta senhora estava definitivamente em um lugar muito escuro", contou ao veículo.
Kaplan foi julgada e condenada pelas autoridades do Canadá, país onde morava na época.
Vale mencionar que Innes não recebe nenhum ganho monetário a partir de sua administração do RentAHitman.com. Ele trabalha em uma empresa de controle de pragas, checando as solicitações da plataforma em seu tempo livre.
