Charles Darwin, o pai da “Teoria da Evolução das Espécies”, evitava escrever sobre religião
Redação Publicado em 28/04/2023, às 14h12 - Atualizado em 03/01/2024, às 15h21
Charles Darwin foi um biólogo e naturalista britânico, conhecido por suas contribuições ao estudo da evolução biológica das espécies animais. No ano de 1859, ele publicou "A Origem das Espécies", livro que mudaria a trajetória das ciências da natureza desde então, causando polêmica no começo, mas depois sendo aceito como um clássico importante para explicar a diversidade de vida na Terra.
Quando faleceu, em 1882, o naturalista foi enterrado na Abadia de Westminster, na Inglaterra. Mesmo tendo sido enterrado em um espaço religioso, próximo ao também cientista Isaac Newton, o relacionamento de Darwin com o cristianismo nem sempre foi dos melhores.
Devido a suas ideias sobre seleção natural e evolução das espécies, Darwin e sua teoria são motivo de debate entre cristãos até hoje, que se questionam sobre a aceitação ou não do evolucionismo, com muitos lados diferentes à discussão.
Autores famosos de literatura cristã, como C.S. Lewis, são considerados por alguns como evolucionistas teístas. Em 2014, o papa Francisco chegou a afirmar que a teoria da evolução não contradiz o cristianismo.
Mas e Charles Darwin? O que ele pensava sobre religião, fé e Deus? Uma carta de 1880 pode elucidar o assunto.
Em 1880, Darwin enviou uma carta ao jovem advogado Francis McDermott, que queria uma resposta clara do biólogo, afirmativa ou negativa, se ele acreditava no Novo Testamento ou não. McDermott, que queria saber a opinião de Charles antes de se debruçar sobre seus livros, prometeu não tornar pública a resposta do naturalista.
A carta foi se tornar pública um século depois que Darwin a escreveu, como noticiou o jornal El País. Um mês antes de escrever sua resposta ao advogado, ele escreveu ao médico socialista e notório ateu Edward Aveling que "sempre foi minha intenção evitar escrever sobre religião, e me limitei à ciência".
Lamento ter de informá-lo que não acredito na Bíblia como revelação divina, portanto, tampouco em Jesus Cristo como o filho de Deus. Atenciosamente. Ch. Darwin”, dizia a carta endereçada a Francis McDermott.
Por sugestão de seu pai, Charles Darwin estudou teologia no Christ's College da Universidade de Cambridge. Mesmo nessa época, ele já se interessava mais pelas ciências biológicas, passando seu tempo ao lado de colegas naturalistas estudando.
John Henslow, um clérigo anglicano e mentor de Darwin, foi quem o convidou para viajar a bordo do HMS Beagle, em uma expedição que durou cinco anos e passou por toda a costa da América do Sul. Charles tinha 22 anos quando entrou no navio, e foi inspirado a escrever "A Origem das Espécies" por causa dessa viagem.
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Após a publicação de seu livro, a fé de Darwin se tornou assunto de controvérsia na sociedade. Por mais que ele tenha sido uma das únicas cinco figuras não ligadas à família real a ter um funeral de Estado no século 19, não significa que ele fosse exatamente amado e aceito por todos.
Em sua "Autobiografia" ele afirmou que "o mistério do início de todas as coisas é insolúvel para nós; de minha parte, devo contentar-me com permanecer um Agnóstico [sic]".
A carta onde Darwin afirmou não acreditar na Bíblia cristã como revelação divina foi leiloada em 2015, como reportou o El País na época.
O documento, datado de 24 de novembro de 1880, teve seu preço inicial avaliado entre US$ 70 mil e US$ 90 mil.
