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Matérias / Crimes

Lizzie Borden: O mais misterioso crime

O caso brutal atrai atenção até hoje, em um assassinato no qual Lizzie foi acusada de matar o pai e a madrasta a machadadas

Letícia Yazbek Publicado em 26/12/2019, às 14h00

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Parte do poster da série As Crônicas de Lizzie Borden - Divulgação
Parte do poster da série As Crônicas de Lizzie Borden - Divulgação

Era 5 de junho de 1893 quando a corte de New Bedfort, Massachusetts, iniciava o julgamento de Lizzie Borden, acusada de assassinar o pai e a madrasta a machadas brutais. O caso, rodeado de mistérios, se tornou célebre nos Estados Unidos.

Nascida em Fall River, Massachusetts, em 19 de julho de 1860, Lizzie Borden era filha de Sarah Anthony Borden e Andrew Jackson Borden. Descendente de uma família rica local, Andrew era dono de propriedades comerciais e fazia parte da presidência e direção de bancos e instituições financeiras.

Lizzie e sua irmã mais velha, Emma, se dedicavam a atividades na comunidade religiosa de Fall River, dando aulas para crianças e imigrantes e ajudando nas organizações filantrópicas da igreja.

Em 1866, três anos após a morte de Sarah Borden, Andrew se casou com Abby Durfee Gray. Depois disso, Lizzie e Emma teriam se afastado do pai – acredita-se que Lizzie desconfiava de que Abby estava atrás da fortuna de Andrew. A tensão teria aumentado por volta de 1890, quando Andrew deu diversas propriedades à família de Abby.

Emma e Lizzie Borden / Crédito: Domínio Público

Na noite anterior aos assassinatos, John Vinnicum Morse, irmão da mãe de Lizzie e Emma, visitou a família para discutir negócios com Andrew e foi convidado para passar a noite. Essa visita teria agravado a situação tensa entre os moradores.

Na manhã de 4 de agosto de 1892, a criada Bridget Sullivan estava limpando as janelas da casa quando Lizzie chegou correndo, dizendo que Andrew havia sido assassinado. Mais tarde, Bridget e Lizzie foram ao segundo andar e descobriram o corpo de Abby. Os dois haviam sido mortos por pancadas violentas provocadas pela mesma arma: um objeto pesado e pontiagudo.

Abby foi morta primeiro, entre 9h e 10h30. Ela havia subido para arrumar o quarto de hóspedes, onde John Morse passara a noite. De acordo com as investigações, foi golpeada na cabeça, acima da orelha, e caiu no chão.

Depois, o assassino a atacou 17 vezes, na parte de trás da cabeça. Enquanto isso, Andrew estava na cidade com John Morse. Ao voltar para casa, por volta das 10h30, se deitou no sofá para tirar um cochilo. Foi atacado com 11 golpes quando ainda estava dormindo.

Durante a investigação, a polícia encontrou no porão da casa dois machados, duas machadinhas e uma machadinha com o cabo quebrado, considerada a possível arma do crime. A análise da ferramenta concluiu que o cabo havia sido cortado porque estava sujo de sangue. No entanto, a arma do crime nunca foi confirmada.

Dias depois dos assassinatos, Lizzie foi vista destruindo um de seus vestidos azul-claro. Ela disse que pretendia queimá-lo, pois havia derramado tinta nele. Testemunhas alegaram que Lizzie usava aquele vestido no dia dos assassinatos e que provavelmente ele estava manchado de sangue. Outros depoimentos contradisseram esse fato, que nunca foi comprovado.

No julgamento, em 5 de junho de 1893,  Lizzie se mostrou calma e deu respostas consideradas estranhas e contraditórias a respeito dos acontecimentos da manhã em que os crimes aconteceram. Embora os policiais estivessem convictos quanto à culpa de Lizzie, não encontraram nenhuma evidência que a ligasse aos assassinatos.

Eles admitiram que, no dia dos crimes, não realizaram uma busca completa na casa porque Lizzie não estava se sentindo bem. Diante da falta de provas, ela foi inocentada, em 20 de junho.

Ilustração representa o julgamento de Lizzie / Crédito: Domínio Público

Ninguém mais foi acusado de assassinar Andrew e Abby Borden, e muitas teorias rodearam o mistério. Lizzie continua sendo a principal suspeita – uma das teorias defende que ela sofria abusos físicos e psicológicos do pai.

Outra afirma que era lésbica e tinha um caso com Bridget Sullivan – descoberta pela madrasta, decidiu matar os dois. Emma Borden, que na ocasião dos assassinatos estava em outra cidade, foi acusada de criar um álibi falso para cometer os crimes sem ser considerada suspeita.

O julgamento de Lizzie Borden recebeu muita atenção da mídia americana e foi comparado aos casos de Bruno Hauptmann e O.J. Simpson. Apesar de ter sido absolvida, a imagem de Lizzie permanece na crença popular como a de uma assassina cruel, que cometeu um dos maiores crimes dos Estados Unidos.

Casa da família Borden, em Fall River / Crédito: Domínio Público

A história de Lizzie Borden foi tema de produções como o curta The Older Sister, de 1955, o filme Lizzie Borden Took an Ax, de 2014, e a minissérie The Lizzie Borden Chronicles, que estreou em 2015.

Em 1996, a casa da família Borden em Fall River foi transformada em um pequeno hotel, aberto até hoje. O local também funciona como um museu em dias determinados.