Utilizado em uma das cenas mais famosas de Monroe, em 'Os Homens Preferem as Loiras', vestido rosa carrega uma história curiosa
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/02/2023, às 20h00 - Atualizado em 16/03/2023, às 17h37
Quando se fala nos maiores nomes de Hollywood de todos os tempos, indiscutivelmente um dos primeiros que vêm à mente de qualquer um é o de Marilyn Monroe. Não só uma das maiores atrizes de todos os tempos, a loira também se consagrou como cantora e modelo, tendo sido até mesmo considerada, nas décadas de 1950 e 1960, um dos maiores sex symbols da época.
Dessa forma, todos os holofotes do show business estavam direcionados para ela, o que não só trouxe bastante popularidade a seus filmes, como lhe garantiu diversos momentos memoráveis em sua carreira.
Definitivamente, uma das cenas mais famosas e reproduzidas de Monroe é a que ela, interpretando a dançarina Lorelei Lee, deixou o personagem que seria seu noivo — e todos aqueles que a assistiram — estupefatos em 'Os Homens Preferem as Loiras' (1953).
Usando um vestido de cetim rosa e coberta por diamantes, ela se lança em um número musical onde a icônica frase "os diamantes são os melhores amigos de uma mulher" é cantada.
A cena, por sua vez, ficou tão famosa que se consagrou como um dos momentos mais icônicos da carreira de Marilyn Monroe, sendo reproduzido incessantemente por outras obras, que referenciam-no, como no videoclipe 'Material Girl', de Madonna, ou em 'Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa' (2020), com interpretação de Margot Robbie.
Porém, embora de muito sucesso, a cena não foi pensada originalmente para ser como foi. Entenda!
Quatro anos antes da produção de 'Os Homens Preferem as Loiras', quando Marilyn Monroe ainda era uma atriz pouco conhecida, a loira posou nua em uma sessão de fotos que, mais tarde, foram usadas em um calendário; isso para receber somente US$ 50.
Segundo a série documental da CNN Internacional 'Reframed: Marilyn Monroe', ela acreditava que não seria reconhecida nas fotos, mas quando o calendário saiu, em 1952, sua carreira de Hollywood havia começado a florescer — ou seja, ela não escapou de ficar famosa por fotos em que estava nua.
Rapidamente, nos Estados Unidos da década de 1950, extremamente conservador, ela foi reconhecida e ainda chamou uma atenção indesejada, naquele momento, que poderia até mesmo acabar completamente com sua carreira. No entanto, ela deu um jeito de superar esse empecilho, e conquistou ainda mais gente por sua sinceridade em frente às câmeras:
Alguns anos atrás, quando eu não tinha dinheiro para comida ou aluguel, um fotógrafo que eu conhecia me pediu para posar nua para um calendário de arte", narrou Monroe à Aline Mosby, repórter da United Press International, na época.
O estúdio responsável por 'Os Homens Preferem as Loiras', a 20th Century Fox, chegou até mesmo a pedir para a atriz que negasse que fosse ela nas fotos. Porém, ela recusou o pedido, e ainda acrescentou à Aline Mosby: "Ah, o calendário está pendurado em todas as oficinas mecânicas da cidade. Por que negar? Você pode conseguir um em qualquer lugar. Além do mais, não tenho vergonha disso. Não fiz nada de errado."
Como informado pela CNN, William “Billy” Travilla, figurinista que chegou a trabalhar com Monroe em 11 filmes, incluindo 'Os Homens Preferem as Loiras', contou em entrevista à A&E que aquelas fotos da atriz provocaram grande alvoroço no estúdio, de forma que os executivos temeram até mesmo que sua carreira fosse arruinada.
Isso ainda era fortalecido pelo fato de que, para o filme, Travilla tinha a missão de fazer Marilyn a mulher "mais sexy, excitante e quase nua na telona". "A fantasia era uma meia arrastão sobre seu corpo nu", descreveu. "Os seios e a linha do quadril (foram) cobertos com diamantes montados por um joalheiro. E, assim que estávamos prontos para filmar o número, tudo deu errado. (Uma reimpressão do) calendário nu de Marilyn Monroe tinha chegado ao mercado."
Temendo perder toda a bilheteria do filme, as roupas reveladoras foram descartadas e, de última hora, o figurinista desenhou o clássico vestido cor-de-rosa, que descrevia como um "vestido muito coberto", como uma alternativa mais segura. Porém, subvertendo as expectativas, o filme não foi um fracasso — pelo contrário: arrecadou US$ 5,3 milhões nas bilheterias, o que levou Monroe definitivamente ao estrelato.
