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Matérias / Segunda Guerra

A história por trás do soldado ilustrado antes e depois da Segunda Guerra

As fotos viralizaram nas redes e mostram o soldado em 1941, antes de alistar-se, e em 1945, ao fim da Segunda Guerra

Luisa Alves, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 11/01/2023, às 20h01 - Atualizado em 01/02/2024, às 15h44

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Imagens lado a lado de Evgeny Stepanovich Kobytev - Divulgação / Museu Andrei Pozdeev
Imagens lado a lado de Evgeny Stepanovich Kobytev - Divulgação / Museu Andrei Pozdeev

Duas imagens justapostas de um mesmo homem no período do Holocausto ganharam as redes 80 anos depois. Elas levantam o questionamento de quem seria o rapaz da montagem que choca pela diferença em sua feição em decorrência dos penosos combates que ele teve de enfrentar na Segunda Guerra. Perfis no Twitter, no Facebook e em comunidades virtuais como o Reddit, compartilham as imagens de 1941 e 1945 lado a lado.

O jovem, até então desconhecido, fora um pintor que teve a juventude e sonhos artísticos interrompidos por um dos episódios mais sangrentos da história: A Segunda Guerra Mundial. De nome, Evgeny Stepanovich Kobytev, o rapaz nasceu na vila de Altai, no extremo Leste da Rússia, em 1910.

Ele era apaixonado por pintura e, em uma universidade da Sibéria, chegou até mesmo a dar aulas de artes plásticas. O rapaz que protagoniza as fotografias foi membro do Komsomol, organização juvenil do Partido Comunista, e realizou o sonho de ingressar no Instituto de Arte de Kiev, na Ucrânia.

Mas, em 1941, quando se formou, viu sua vida mudar abruptamente a partir de junho daquele ano, quando foi obrigado a virar soldado, já que o líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler, iniciou a Operação Barbarossa e invadiu a União Soviética. 

Alistamento

Em 22 de junho de 1941, o jovem estava em sua festa de formatura quando a força aérea alemãcomeçou seus bombardeios em Kiev, segundo o site do museu Andrei Pozdeev, como repercutido pelo jornal O Globo. Foi então que Eugene decidiu trocar seus equipamentos de pintura pela farda e o fuzil, se alistando voluntariamente no Exército Vermelho.

Eugene integrou a 3ª Divisão do 821° Regimento de Artilharia e sua missão, inicialmente, era a de proteger uma pequena cidade na Ucrânia, às margens do Rio Pripyat, entre Kiev e Kharkov.  Ele sofreu uma lesão em 1941 quando foi ferido em uma perna e mais tarde acabou sendo pego pelo inimigo em meio a uma fuga de um bombardeio. 

Imagem de obra de Eugene / Divulgação / Museu Andrei Pozdeev

Ele ficou detido no campo de concentração de Khorol, conhecido como o "fosso de Khorol", local de péssimas condições onde cerca de 90 mil prisioneiros de guerra, judeus e outros civis seriam mortos ao longo do conflito.

Lá, ele teve de trabalhar carregando tijolos, estando exposto ao frio e passando fome. Escondido dos soldados, ele utilizava pedaços de carvão para desenhar outros prisioneiros que conheceu e com os quais fez amizade. Na ausência de papel, ele fazia anotações que serviriam de base para trabalhos posteriores. 

Antes e depois dos conflitos 

As imagens — doadas pela filha de Eugene — que compõem a justaposição foram reproduzidas de uma parede do Museu Andrei Pozdeev, em Krasnoyarsk, na Sibéria, onde são acompanhadas pela descrição que evidencia que as rugas profundas no rosto de Eugene, em 1945, são as marcas de quatro longos anos sofridos.

"A primeira imagem mostra o rosto de um jovem pronto para começar uma vida feliz e criativa, que ainda não sabe que o ano de sua formatura será uma tragédia na vida do país e na sua própria. A segunda foto impressiona pela transformação ocorrida no rosto de E. S. Kobytevdurante os quatro anos de guerra. É a imagem de um homem velho. Um rosto magro e abatido, rugas profundas e os olhos de uma pessoa completamente diferente. Uma pessoa que viu os horrores do inferno".

Reconhecimento pós-guerra 

Depois da Guerra, Evgeny Stepanovich Kobytev recebeu medalhas e honrarias por seus feitos. Ele até mesmo conseguiu retomar sua carreira de artista e tornou-se professor em uma escola de arte em Krasnoyarsk.

Em suas obras produzidas durante esse período, foram formadas duas séries: "Até o último fôlego" e "Seja vigilante, meu povo". Seus trabalhos transmitem a relação de camaradagem entre os soldados e os horrores dos campos de concentração. Eugene faleceu em 1973, aos 63 anos.

Imagem de obra de Eugene / Divulgação / Museu Andrei Pozdeev