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Matérias / Dia da Vitória

O 'Dia da Vitória' sobre a Alemanha Nazista, há 78 anos

A esperada rendição da Alemanha durante o conflito foi assinada em 8 de maio de 1945

Gabriel Waldman, sobrevivente do Holocausto Publicado em 09/05/2023, às 17h53

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Churchill acena para a multidão em meio a comemoração do Dia da Vitória, 8 de maio de 1945 - Fotógrafo oficial do War Office, Major WG Horton
Churchill acena para a multidão em meio a comemoração do Dia da Vitória, 8 de maio de 1945 - Fotógrafo oficial do War Office, Major WG Horton

No dia 8 de maio comemora-se o aniversário do dia da vitória dos Aliados na 2ª Guerra Mundial. As armas se calaram, mas, curiosamente, grande parte do povo alemão continuava a cultivar a memória do Führer como grande patriota e vencedor incensado de incontáveis batalhas e obstáculos antes de 1943. 40 milhões de mortos, Europa destrocada, vidas física e mentalmente aniquiladas e o causador de tudo isto ainda idolatrado como mártir da Pátria. Como sair disto?

Para começar, os Aliados, ressabiados com a paz de Versailles na Primeira Guerra Mundial aprenderam com seus erros fatais da época. Desistiram de punir a Alemanha, a vingança foi evitada, e ajudaram através do Plano Marshall na reconstrução do país. O gradual amadurecimento de uma nova geração já poupada da propaganda nazista, ajudou. As atrocidades do regime, especialmente com os judeus, foram reveladas pela imprensa e vistas durante inúmeras visitas, muitas vezes forcadas pelos Aliados, da população civil, para os campos de concentração nazistas.  Muitos não acreditaram no que presenciavam. “Armação dos inimigos”, diziam.

Comemoração do Dia da Vitória, 8 de maio de 1945, em Londres /Crédito: Mrjspence

A propaganda nazista antes da derrota alardeava que os judeus foram realocados nos territórios do leste, onde eram obrigados a trabalhar, no entanto, estavam fisicamente poupados e agora, após o fim da guerra, partiram para o estado de Israel, recém-criado. Mas o novo governo alemão ofereceu polpudas indenizações aos judeus pelos bens confiscados pelo nazismo. “E cadê meu vizinho que era judeu?”, questionavam. “E o meu ginecologista também judeu onde está ele?”. Os alemães estranhavam e se perguntavam, pois, pouquíssimos judeus comparecerem para reclamar seus bens perdidos. Se tivessem ido para Israel poderiam pelo menos abrir processos de indenização burocraticamente, sem presença física. A dúvida irrompia e corroía as versões do regime deposto. A viseira do povo começava derreter lentamente.

A ideologia do regime anterior sacrossanto na época fora abalada também por sua definição do conceito de Ciência. Eles davam preferência a Ciência experimental em detrimento a Ciência teórica, que era considerada “Ciência judia”, portanto, descartável. Quando a bomba atômica, criação genuína da ciência teórica (relatividade de Einstein) explodiu e praticamente decidiu o curso da guerra, descobriu-se o erro monumental da ciência nazista. E surgiu a pergunta inevitável: Se Einstein e os demais cientistas judeus tivessem permanecido e trabalhando na Alemanha, quem teria vencido a guerra? E se eles erraram tanto na Ciência, o que dizer das demais áreas de atividade todas rigidamente regulamentadas?

Pseudociência

Em complemento, a descoberta química da estrutura da DNA permitiu exames de parentesco e descendência retrocedendo por muitas gerações. Descobriu-se que toda Ciência racial era pseudociência e que não existe tal coisa como raça pura, ideal do nazismo. Em algum momento da genealogia de cada alemão apareceriam traços de judeu ou eslavo, ou outras raças consideradas inferiores.

Justificava a piada maliciosa corrente na época: “Quais as características físicas do alemão puro-sangue? Loiro como Hitler (era moreno e austríaco), atlético como Goehring (gordo) e alto como Goebbels (quase anão).  Sorte dos nazistas que esta ciência só apareceu nos anos 50 do século passado, mais de 10 anos após a rendição alemã. 

Hoje o nazismo continua vivo na Alemanha, prerrogativa de um grupo de desajustados fanáticos. A maioria constituída por “aberrações humanas” que não tem nem ideia do que era o nazismo. Se Hitler estivesse hoje no poder eles seriam logo submetidos a eutanásia por seu desvio imperdoável da raça ideal. Agora só faltam os remanescentes do nazismo, adeptos da engenharia genética, pedirem desculpas: “Sorry, erramos”. Os 40 milhões de mortos que o digam.


*O texto de Gabriel Waldman foi proporcionado pela StandWithUs Brasil, instituição que trabalha para lembrar e conscientizar sobre o antissemitismo e o Holocausto, de maneira a usar suas lições para gerar reflexões sobre questões atuais.