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Matérias / Brasil

O tétrico caso do bebê de 9 meses que morreu ao vivo na TV, no ano de 1982

O triste episódio, que ocorreu no antigo programa o Povo na TV, representou um dos momentos mais chocantes da história da televisão no Brasil

Wallacy Ferrari Publicado em 08/11/2020, às 09h00

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Imagem ilustrativa de uma boneca quebrada - Imagem de Pam Simon por Pixabay
Imagem ilustrativa de uma boneca quebrada - Imagem de Pam Simon por Pixabay

Fundado em 1981, o SBT fazia questão de seguir uma linha popularesca no início de sua instauração como rede para se aproximar da audiência, principalmente após o sucesso dos programas de auditório da TV Rio nos anos anteriores e, posteriormente, se comprovando com programas "do povão", como o Aqui Agora e o Programa do Ratinho.

Em seu segundo ano, não foi diferente; na época com o nome TVS, o canal tinha a atração diária ‘O Povo na TV’, criado inicialmente em 1979 na TV Tupi — com o nome ‘Aqui e Agora’ e, curiosamente, sendo o último programa transmitido pela pioneira — e migrado para a estação de Silvio Santosapós o fim da concessão.

A atração, comandada por Wilton Franco, tinha a co-apresentação de Wagner Montes com Sergio Mallandro e o advogado Roberto Jefferson como defensor dos pobres, posteriormente eleito deputado federal com a projeção obtida pelo programa.

Juntos, eram responsáveis por debater casos cotidianos com a participação de pessoas que solicitavam ajuda na emissora e ligavam para um telefone disponibilizado ao vivo.

Olhos sangrando em rede nacional

O programa era marcado por episódios de angústia e sofrimento em frente às câmeras. Em 14 de dezembro de 1982, no entanto, a gota d’agua foi um símbolo do sofrimento. Conforme documentado no acervo da Folha de S. Paulo, Maria Erinalda da Silva foi até o estúdio para reclamar da falta de atendimento médico para a filha Danúbia, de 9 meses.

Após passar por diversas instituições de saúde e ser ironizada por médicos quando afirmou que iria até a TVS, Maria expôs a situação da filha que, focalizada na câmera, tinha sangue escorrendo dos olhos devido a um câncer. Com um inchaço grave, os apresentadores comentavam o caso e solicitavam amparo de governantes.

Antes de ser chamada, a mãe ainda ficou esperando desde o período da manhã da emissora, enquanto a filha precisava de tratamento urgente. Aos 40 minutos da atração, foi notado que a criança já estava desacordada, sem apresentar sinais de vida, enquanto as câmeras estavam ligadas. Em poucos instantes, uma ambulância foi acionada, constatando a morte ao vivo e direcionando o corpo para o Instituto Médico Legal (IML).

Apesar do choque, a atração prosseguiu normalmente, aproveitando a atenção obtida com o caso para explorar a miséria humana. Em entrevista à Folha, a família de Danúbia não manifestou chateação pela cobertura: “O Wilton fez o que ninguém fez por minha filha”, declarou o pai da menina, Marcos Eugênio Garcia.

O fim do assistencialismo barato

A atração foi encerrada justamente no ano seguinte, mas não voluntariamente. Em maio de 1983, o programa, na época ocupando mais de cinco horas na programação vespertina do canal, decidiu chamar, por diversas vezes, o curandeiro Roberto Lengruber, que convidava pessoas com enfermidades nas filas para entrar nos estúdios da emissora e afirmava que as curaria com poderes sobrenaturais.

Capa acusa Wilton, Roberto e Silvio de conspirarem negativamente / Crédito: Divulgação / Biblioteca Nacional

Além de realizar “cirurgias espirituais” ao vivo para todas as emissoras da rede, o pseudomédico fazia colocações sobre medicina sem nenhum embasamento técnico, ocasionando em uma representação oficial da Associação Paulista de Medicina.

Foi alegado que a armação não apenas lesava os telespectadores esperançosos, como fazia com que Lengruber lucrasse com caríssimas consultas, como relatou a edição do jornal carioca Última Hora, em 10 de maio de 1983.

A representação não apenas resultou na retirada do programa pelo Departamento Estadual de Polícia do Consumidor de São Paulo (DECON-SP), como levou o diretor e apresentador Wilton Franco preso como cúmplice do charlatanismo de Lengruber, principalmente por anunciar algumas “medalhas com poderes mágicos” na atração. Silvio Santos quase foi indiciado, optando por encerrar a atração após prestar depoimento.


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