Gal Costa era considerada uma das maiores vozes da música brasileira
Éric Moreira Publicado em 09/11/2022, às 12h29
Nesta quarta-feira, 9, uma chocante notícia domina o Brasil: a cantora e compositora baiana Gal Costa, de 77 anos, veio a falecer — sem causa da morte informada, até o momento. Maria da Graça Costa Penna Burgos, mais conhecida pelo seu nome artístico, chegou a ser eleita a sétima maior voz da música brasileira pela Rolling Stone Brasil em 2012, e marcou a vida de várias gerações de amantes da música.
A cantora, no entanto, já se encontrava afastada dos palcos, após ter realizado uma cirurgia para a retirada de um nódulo na fossa nasal direita, mas tinha retorno previsto no festival Primavera Sound, ocorrido no último fim de semana em São Paulo. A participação, porém, foi cancelada antes do evento.
Gal Costa se eternizou no imaginário popular brasileiro como um dos maiores nomes da música popular nacional, tendo sido contemporânea de grandes eventos, como a Ditadura Militar, além de outros grandes artistas, como Caetano Veloso — em sua juventude — e João Gilberto.
Antes mesmo de ser conhecida pelo nome com o qual a conhecemos hoje em dia, se apresentava apenas como Maria da Graça; em Salvador, cidade em que nasceu, a maioria a conhecia como Gracinha; já os íntimos, se referiam a ela como 'Gau' — sim, com 'u'.
Foi o produtor Guilherme Araújo que decidiu começar a chamá-la de 'Gal' — o que, considerando o período que o Brasil enfrentava, não era agradável, em especial entre os artistas. Caetano Veloso, com quem ela gravou seu primeiro LP, 'Domingo', em 1967, expressou claramente não gostar da escolha do nome, por ser abreviação para 'general' — uma péssima escolha, considerando-se que vivia-se a Ditadura Militar.
Desde o início de sua carreira, a artista encantou a todos com seu timbre sereno. Sua estreia em disco se deu em 1965, cantando 'Sol Negro', composição de Caetano Veloso, ao lado de Maria Bethânia. No ano seguinte, seu primeiro compacto trouxe ainda as famosas faixas 'Sim, foi você', de Caetano, e 'Eu vim da Bahia', de Gilberto Gil.
A partir do LP 'Domingo', surgiu seu primeiro hit, que definitivamente a eternizou na história da música brasileira: o samba-canção 'Coração Vagabundo'. Em 1968, o icônico álbum-manifesto 'Tropicália' contou também com quatro faixas de Gal Costa: 'Baby', 'Enquanto Seu Lobo Não Vem', de Caetano, 'Mamãe Coragem', de Caetano com Torquato, e 'Parque Industrial', de Tom Zé.
Na década de 1970, Gal tornou-se a musa dos hippies no Brasil, com uma estética e estilo muito próprios e chamativos para a época. Em 1973 lançou o disco 'Índia', onde aparece seminua na capa, e ousou até mesmo imitar sons de pássaros, como lembrado pelo site Memórias da Ditadura.
Eventualmente, ela trocou o estilo hippie e foi aderindo a novas tendências na música, se aproximando do pop e da música romântica, até se eternizar no MPB. Hoje, dia 9 de novembro de 2022, Gal Costa deixa todos os brasileiros, mas seguirá para sempre como um dos maiores nomes da história da música brasileira.
