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Matérias / RMS Titanic

Titanic: As teorias infundadas sobre o naufrágio mais famoso da história

Amaldiçoado por múmia ou trocado por ‘irmão gêmeo’, as teorias infundadas sobre o transatlântico considerado “inafundável”

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 18/12/2023, às 18h00 - Atualizado em 21/12/2023, às 11h47

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A icônica cena do filme Titanic (1997) - Divulgação/Paramount Pictures
A icônica cena do filme Titanic (1997) - Divulgação/Paramount Pictures

O RMS Titanic enviou pedidos de socorro nas primeiras horas do dia 15 de abril de 1912. O transatlântico tinha apenas quatro dias de viagem — partindo do porto de Southampton (na Inglaterra) com destino à Nova York (nos EUA) — quando colidiu contra um iceberg na costa de Newfoundland, na costa do Canadá. 

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Maior navio de passageiros de sua época, o Titanic chegou a ser considerado "inafundável", mas cerca de três horas após a colisão, a embarcação afundou completamente. A tragédia vitimou cerca de 1.500 pessoas. 

Fotografia do Titanic partindo de Southampton, no Reino Unido, em 1912/ Crédito: Francis Godolphin Osbourne Stuart/Domínio Público

Depois que o Titanic naufragou, várias teorias da conspiração emergiram. Entre o simples e plausível ao extremo e surreal, confira algumas teorias mais populares sobre o naufrágio mais famoso da história.


O Titanic nunca afundou 

Uma das teorias mais elaboradas sobre o naufrágio do Titanic surgiu através do livro 'Titanic: The Ship that Never Sank?', publicado por Robin Gardiner em 1998. Na obra, Gardiner aponta que o Titanic nunca afundou. Mas como isso é possível?

Acontece que, no início da década de 1910, a White Star Line, empresa de navegação, encomendou três navios: o RMS Titanic, o RMS Britannic e o RMS Olympic — e é justamente este último por trás da teoria. 

O RMS Olympic ao lado do RMS Titanic/ Crédito: Domínio Público

Acontece que em setembro de 1911, o RMS Olympic colidiu contra outro navio na costa sul do Reino Unido. Devido ao acidente, ele ficou com dois grandes buracos no casco e com danos à hélice — que exigiriam dinheiro e tempo que deveriam ser gastos com a preparação do Titanic

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Desta forma, Robin afirma que, para recuperar o dinheiro perdido com o Olympic, a White Star Line o utilizou como se fosse o Titanic. Sendo assim, quando o navio afundasse, a empresa receberia o valor pelo seguro da embarcação 'nova' e ainda ficaria com um barco sem uso. 

O conspiracionista aponta que ambos os navios eram extremamente semelhantes, com poucas diferenças entre eles, como o número de vigias: 16 do Olympic e 14 do Titanic. Além disso, a primeira foto do Titanic mostra a embarcação com 16 vigias e não 14. 

Outro ponto é que passageiros importantes, como o banqueiro milionário J.P. Morgan (que era dono do navio), desistiram da viagem no último minuto. Isso teria acontecido porque eles sabiam que o Titanic estaria 'condenado'.

Por fim, Robin Gardiner também cita o comportamento inexplicável do SS Californian, que também pertencia a J.P. Morgan. O navio, que estava próximo ao Titanic, viu os sinais de socorro do transatlântico, mas não tomou nenhuma ação para ajudar.

O SS Californian deveria ser o navio de resgate do Titanic e já tinha tudo planejado para isso, visto que transportava 3.000 cobertores e suéteres de lã, mas nenhum passageiro. Entretanto, erros de cálculo sobre a rota do transatlântico o teriam tirado do caminho do naufrágio. 

Vale ressaltar, porém, que a teoria já foi considerada infundada por especialistas. Segundo a Reuters, muitas das "evidências" apontadas por Gardiner estão incorretas ou possuem uma explicação alternativa, especialmente as evidências físicas.

Um exemplo disso seria que, embora os registros iniciais mostrem que o Titanic tinha 14 vigias, mais duas foram adicionadas antes da viagem — algo que também aconteceu com o Olympic. Além disso, o Titanic estava segurado apenas por dois terços de seu custo, o que ainda causaria prejuízo para a White Star Line em caso de golpe.


Eliminar rivais

Usando um ponto da teoria anterior, esta destaca o fato de J.P. Morgan ter desistido de viajar no RMS Titanic. Acontece que essa especulação afirma que Morgan não só sabia do naufrágio como foi o cérebro por trás de toda a trama.

Afinal, antes da viagem, ele estava pressionando pela criação de um sistema bancário centralizado nos Estados Unidos; que mais tarde se tornaria a Reserva Federal dos EUA. Assim, embora ele não tenha embarcado no Titanic, outros três personagens do mundo financeiro estavam — e a morte deles foi premeditada. Eles eram John Jacob Astor IV, Isidor Straus e Benjamin Guggenheim, que morreram na tragédia. 

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A teoria aponta que Morgam planejou o naufrágio da embarcação pelo fato de Astor, Straus e Guggenheim se oporem ao seu projeto da criação da Reserva Federal. No entanto, não há provas disso. 

O banqueiro J.P. Morgan/ Crédito: Library of Congress via Wikimedia Commons

Segundo o The New York Times, aliás, Straus estava a favor do plano de Morgan — enquanto Astor e Guggenheim não assumiram uma posição pública sobre um sistema bancário centralizado.

Sobre a desistência de J.P. Morgan, o historiador Don Lynch, da Titanic Historical Society, sugere que banqueiro "disse que a França estava mudando suas leis para impedir que os americanos exportassem tesouros artísticos daquele país, então Morgan foi a Paris para supervisionar a obtenção de suas compras fora do país antes que as novas leis entrassem em vigor." 

Além disso, embora pudesse existir o planejamento, nada garantiria que ele daria certo. "Embora seja verdade que o J.P. Morgan era dono do Titanic e não navegou em sua condenada viagem inaugural, há não há evidências que sugiram que ele perdeu deliberadamente a viagem porque sabia que o navio iria afundar. Os historiadores debateram vários motivos para Morgan cancelar sua viagem, mas nenhum está relacionado à Reserva Federal", disse Lynch à Reuters.


A maldição da múmia

Uma teoria da conspiração relacionada ao RMS Titanic aponta que o navio afundou devido à maldição de uma múmia — a história ganhou popularidade logo após o navio afundar. Em 12 de maio de 1912, o The Washington Post publicou a seguinte manchete: "Fantasma do Titanic: A vingança da múmia Hoodoo seguiu o homem que escreveu sua história".

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Segundo ela, William T. Stead, um editor britânico que era passageiro do Titanic, compartilhou com seus companheiros de viagem a história de uma múmia amaldiçoada — uma antiga "sacerdotisa egípcia" que trouxe infortúnio, destruição e até morte para quem ousasse perturbá-la; ou até mesmo compartilhar sua história com o mundo. 

[Stead] contou sobre uma pessoa após outra que sofreu um desastre depois de escrever sua história sinistra", relatou o artigo. "'Eu conheço a história, mas nunca a escreverei', acrescentou o veterano editor."

Acontece que, poucas horas depois de Stead ter contado a história para seus companheiros, o Titanic colidiu contra o iceberg e afundado no Oceano Atlântico. Isso levou muitos a acreditarem que o simples fato de William ter citado a múmia já seria suficiente para o destino trágico dele e de centenas de outros tripulantes.

Capa da Person's Magazine que mostrava a "múmia azarada" acusada amaldiçoar o Titanic/ Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Com o passar dos anos, essa teoria se expandiu e muitos passaram a dizer que a própria múmia estaria a bordo do RMS Titanic — que teria sido vendida pelo Museu Britânico a um norte-americano que estava viajando para casa no transatlântico. 

Entretanto, vale ressaltar, o Museu Britânico confirmou que a chamada "múmia amaldiçoada" nunca saiu de lá. Ainda por cima, ela não seria uma múmia completa, mas apenas a tampa do caixão da Sacerdotisa de Amen-Ra. Por fim, os registros do Titanic não sinalizam que nenhum objeto desta natureza estava sendo transportado.