Réveillon em Copacabana - Getty Images
Rio de Janeiro

Réveillon no Rio é cancelado, anuncia prefeito

"Vai fazer falta mas o importante é que sigamos vacinando e salvando vidas", declarou Eduardo Paes em seu Twitter

Fabio Previdelli Publicado em 04/12/2021, às 12h37

Através de seu Twitter, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou hoje, 4, que cancelará as comemorações de ano novo na Cidade Maravilhosa. O político alegou que tinha a intenção de promover o evento, mas preferiu ouvir as recomendações do comitê científico do Estado. 

Desta forma, o tradicional Réveillon de Copacabana não acontecerá. "Respeitamos a ciência. Como são opiniões divergentes entre comitês científicos, vamos sempre ficar com a mais restritiva. O Comitê da prefeitura diz que pode. O do Estado diz que não. Então não pode. Vamos cancelar dessa forma a celebração oficial do Réveillon do Rio", tuitou Paes

Respeitamos a ciência. Como são opiniões divergentes entre comitês científicos, vamos sempre ficar com a mais restritiva. O Comitê da prefeitura diz que pode. O do Estado diz que não. Então não pode. Vamos cancelar dessa forma a celebração oficial do réveillon do Rio.1/2 pic.twitter.com/BsFTbIprNQ

— Eduardo Paes (@eduardopaes) December 4, 2021

O anúncio foi feito, conforme explica matéria do UOL, em meio a uma divergência entre estado e prefeitura. Enquanto Eduardo Paes defendia que o Rio tinha condições de realizar a festa, o governador Cláudio Castro já optava pelo cancelamento. 

Porém, Eduardo Paes declarou que não teria como realizar o réveillon carioca sem receber as garantias necessárias do estado. "Tomo a decisão com tristeza mas não temos como organizar a celebração sem a garantia de todas as autoridades sanitárias. Infelizmente não temos como organizar uma festa dessa dimensão, em que temos muitos gastos e logística envolvidos, sem o mínimo de tempo para preparação".

“Se é esse o comando do Estado(não era isso o que vinha me dizendo o governador), vamos acatar.  Espero poder estar em Copacabana abraçando a todos na passagem de 22 para 23. Vai fazer falta mas o importante é que sigamos vacinando e salvando vidas”, completou.


ômicron no Brasil

Na última terça-feira, 30, o Instituto Adolfo Lutz confirmou duas contaminações pela variante Ômicron do Coronavírus no Brasil. Ambas são de passageiros vindos da África do Sul, sendo que o sequenciamento genético que indicou a presença da nova cepa nos pacientes foi feito pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Segundo o G1, existe ainda a suspeita de um terceiro caso, mas de um passageiro vindo da Etiópia. O paciente, que não teve sua identidade revelada, desembarcou em Guarulhos, em São Paulo, e está sendo acompanhado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Já os dois casos confirmados, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, são um homem de 41 anos e uma mulher de 37. O casal teria desembarcado em Guarulhos no dia 23 de novembro, conforme narrou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Inicialmente, ambos apresentaram comprovantes de PCR negativo para entrar no Brasil. Mas, como planejavam retornar para a África do Sul, fizeram um outro exame no dia 25 de novembro, no laboratório do Einstein instalado no aeroporto. Naquele momento, além dos testes positivos, o casal ainda apresentou sintomas leves da doença.

Uma vez diagnosticados, ambos os pacientes foram orientados a permanecer em isolamento. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o casal está sendo acompanhado pelas Vigilâncias estadual e municipal de São Paulo.

"Diante dos resultados positivos, o laboratório Albert Einstein adotou a iniciativa de realizar o sequenciamento genético das amostras. O laboratório notificou a Anvisa sobre os resultados positivos dos testes e sobre o início dos procedimentos para sequenciamento genético no dia 29/11 e, na data de hoje, 30/11, informou que, em análises prévias, foi identificada a variante Ômicron do Sars-Cov-2", afirmou a Anvisa.

Ambos os pacientes diagnosticados são missionários brasileiros que vivem na África do Sul, mas vieram para São Paulo a fim de visitar seus familiares. Segundo o G1, não existem registros de vacinação do casal em São Paulo no banco de dados do VaciVida.


O que se sabe sobre a variante Ômicron até agora?

Na quarta-feira da semana passada, 24, os cientistas da África do Sul alertaram a OMS (Organização Mundial de Saúde) a respeito de uma nova variante. Então identificada apenas como "B.1.1.529", a cepa acabou sendo classificada como "de preocupação", batizando-a de "ômicron". 

Desde o princípio, seu potencial para apresentar uma alta taxa de transmissão já chamava atenção, além de suas mutações sugerirem que ela seria capaz de reinfectar pacientes. 

O nome da cepa corresponde a uma letra do alfabeto grego, assim como aconteceu com outras mutações perigosas no passado. O último exemplo disso foi a delta, justamente identificada primeiro na Índia e que viajou o globo, causando uma disparada de casos de covid-19 em inúmeros países.

A nova ameaça possui mais de 50 mutações (o dobro do número encontrado na delta), dentre as quais por volta de 30 estão localizadas na chamada 'proteína spike', que é a estrutura que permite ao vírus adentrar as células de nosso corpo, segundo informações repercutidas pelo g1.

Essa proteína também é o alvo da maioria das vacinas contra o coronavírus, o que preocupa a comunidade científica em relação à possibilidade de que as vacinas não funcionem contra essa cepa. 

Entenda abaixo mais detalhes a respeito dos perigos da ômicron, que infelizmente já está em solo brasileiro, de acordo com o Intituto Adolfo Lutz, que confirmou dois casos nesta terça-feira, 30. 

Imagem meramente ilustrativa / Crédito: Divulgação/ Pixabay

 

Transmissão acelerada

O primeiro país a relatar casos foi a própria África do Sul, e algumas das nações vizinhas, como Botswana e Hong Kong. Então, vieram notícias de pacientes contaminados com a variante em Israel e na Bélgica.

Na Europa, Reino Unido, Alemanha e Itália também tiveram infectados. No último domingo, 28, a cepa já havia chegado à América, com seu primeiro caso tendo sido identificado no Canadá. 

Até o momento da publicação desta matéria, por volta de 16 países espalhados por todos os cinco continentes já haviam reportado terem encontrado a ômicron circulando em sua população.

Um detalhe é que não se tem certeza se a mutação surgiu em território sul-africano ou apenas foi detectada lá após passar por outro lugar. Isso pois, conforme anunciado pelo Instituto Nacional de Saúde Pública da Holanda e repercutido pela CNN, exames coletados entre os dias 19 e 23 de novembro foram declarados contaminados com a B.1.1.529.

Assim, a mutação pode estar circulando silenciosamente há mais tempo do que pensamos.

Já no nosso país, como citado anteriormente, duas pessoas testaram positivo para a variante. De acordo com a CNN Brasil, o casal havia voltado recentemente de uma viagem da África do Sul, e descobriu carregar o vírus ao realizar teste de covid necessário para embarcar em outro voo.

Fotografia do Aeroporto de Guarulhos aonde o casal chegou após sua viagem à África do Sul / Crédito: Wikimedia Commons

 

A dupla, que apresentou apenas um quadro leve da doença, foi orientada a ficar quarentenada em sua residência durante os próximos dias. 

Segundo Eduardo Medeiros, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Paulo, hospital universitário da Unifesp, "apesar de ainda não haver respostas definitivas sobre o comportamento epidemiológico dessa nova variante, é possível que o impacto dela em uma população amplamente vacinada seja pequeno, pelo que se observa até o presente momento".

Medeiros também fala sobre o impacto da nova variante em pacientes. 

"Diversos estudos já estão sendo conduzidos de modo a observar se a resposta vacinal será afetada por esta variante. Contudo, as informações até o momento mostram que os pacientes com infecção por essa variante têm evoluído com quadros leves a moderados, o que revela uma boa notícia. Em países com alta taxa de vacinados para covid-19, os pacientes com doses completas da vacina, provavelmente, terão menor risco de adquirir a infecção e, se tiverem a doença, menor possibilidade de evolução para quadros graves, internações e mortes quando comparado aos indivíduos não vacinados", destaca Medeiros.

Incógnitas

Até então, não se sabe muito a respeito de que mudanças foram trazidas pelas mais de 50 mutações sofridas por essa cepa.

Uma das lacunas em aberto, por exemplo, é em relação à gravidade dos sintomas de quem é contaminado com a ômicron. A princípio, nenhuma morte foi conectada à variante, ao menos. 

Outro dado é que, em entrevista ao The Telegraph, jornal britânico, uma médica inglesa comentou que muitos dos pacientes que testaram positivo para a mutação eram jovens, saudáveis, e, em geral, possuíam casos brandos.

“Os sintomas que eles apresentavam eram muito diferentes e mais leves dos que eu havia tratado antes", afirmou a profissional Angelique Coetzee ao veículo.

A despeito dessas ocorrências, ainda não existem informações suficientes a respeito da ômicron para identificar se essas foram apenas coincidências, ou se a cepa de fato tem uma tendência a gerar quadros menos graves. 

Embora a mutação tenha causado um aumento abrupto nos casos de covid da África do Sul, também não temos confirmação científica de que a variante de fato possui o aspecto do contágio maior, uma vez que também é preciso levar em conta outros fatores, como a baixa porcentagem de pessoas vacinadas no país. 

Outra questão de grande importância que ainda não possui uma resposta é relativa à possibilidade da B.1.1.529 ser mais resistente aos imunizantes com os quais contamos atualmente. 

Fotografia meramente ilustrativa do coronavírus / Crédito: Divulgação/ Pixabay/ visuals3Dde

 

Uma mudança como essa poderia trazer implicações desastrosas, de forma que, mesmo ainda não havendo essa confirmação, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) já está se preparando para a possibilidade de precisar adaptar seus imunizantes à ômicron.  

Se houver necessidade de alterar as vacinas existentes, poderemos estar em posição de tê-las aprovadas dentro de três a quatro meses”, garantiu Emer Cooke, diretora do órgão. 
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