Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Galeria / Suástica

Relembre o período em que a suástica nazista esteve 'na moda' entre os punks

A polêmica está novamente no centro de holofotes após uma cantora do Twice, grupo de K-pop, usar uma roupa com o símbolo

Paula Lepinski Publicado em 04/07/2019, às 08h00 - Atualizado em 22/03/2023, às 19h57

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Montagem mostrando a suástica sendo usada durante o movimento punk, e mais recentemente por uma k-idol - Reprodução e Divulgação/Redes Sociais
Montagem mostrando a suástica sendo usada durante o movimento punk, e mais recentemente por uma k-idol - Reprodução e Divulgação/Redes Sociais

Na última terça-feira, 21, a jovem Chaeyoung, que integra o "Twice", um famoso grupo pop sul-coreano, foi o centro de intensas críticas nas redes sociais após publicar uma fotografia em que usa uma peça de roupa trazendo uma suástica. 

Na imagem, a cantora está vestida com uma camiseta estampada por Sid Vicious, músico britânico dos anos 70 que ficou famoso por sua contribuição para o movimento punk. Na estampa, por sua vez, ele utiliza uma camisa que traz o controverso símbolo associado à ideologia nazista — que foi uma parte comum de seu vestuário da época em que fazia sucesso. 

Após a repercussão negativa da fotografia, Chaeyoung publicou um comunicado oficial em que pede desculpas pela escolha questionável de guarda-roupa: 

Eu sinceramente peço perdão por conta da minha postagem no Instagram. Eu não reconheci corretamente o significado da suástica na camiseta que vesti. Eu peço desculpas profundamente por não examinar [a peça] com mais cuidado, causando preocupação. Eu absolutamente prestarei mais atenção no futuro para prevenir qualquer situação semelhante de acontecer novamente", afirmou a artista na nota ao público.  

Entenda a seguir como foi este período em que suásticas decoravam as roupas de membros do punk. 

Sid Vicious

Na imagem da capa, é possível ver Sid Vicious, baixista do Sex Pistols. Um detalhe na foto logo chama atenção: a suástica nazista estampa a camiseta de Sid. E a pergunta que vem à cabeça é: Por quê?

O punk britânico surgiu para chocar. Cabelos espetados, jaquetas de couro com rebites, mensagens nas roupas, piercings , coturnos, pins, alfinetes e correntes. Valia tudo para não parecer com a geração anterior, dos hippies, cujas ideias tinham sido tão deglutidas pelo mainstream que os âncoras de TV se apresentavam de cabelos longos.

Exibida em faixas, camisetas e até pinturas no rosto, a suástica se tornou parte da cultura punk no início do movimento. Mas, juram os punks, a intenção não era alienar judeus ou difundir uma mensagem antissemita. Pelo menos não para maioria deles.

“Era algo anti-mães e anti-pais. Nós odiávamos pessoas mais velhas martelando sobre Hitler ‘nós mostramos para ele’, e aquele orgulho presunçoso. Era uma forma de ver essas pessoas ficando vermelhas de indignação”, afirmou a cantora Siouxsie Sioux, um dos maiores ícones da época, a Jon Savage no livro England's Dreaming.

Sid Vicious, do Sex Pistols, também exibia o símbolo nazista como um ato de rebeldia, e isso nem passava perto de seus ideais – aliás, a sua namorada, Nancy Spungen, era judia.

O guitarrista Marco Pirroni, que trabalhou com Siouxsie, falou sobre o assunto em 2001, conforme repercutido pelo Punk 77. “A gente estava tentando parecer decadente e imperfeito a ponto de irritar todo mundo, até os nazistas. Não éramos nazistas nem tínhamos tendência política. A gente não tinha problemas com judeus, paquistaneses, gays ou qualquer grupo, só odiávamos todos que viviam em um mundo certinho.”

Mas poucos entendiam isso, tanto que a Frente Nacional Britânica, partido político de orientação ultra direitista e racista, tentou recrutar jovens membros do movimento punk na década de 70.

Foi quando surgiu o estilo Oi! (com exclamação mesmo). Eram skinheads – jovens de classe trabalhadora que até então ouviam sons da jamaica e, porque não podiam trabalhar com cabelos da moda, os raspavam. E, absolutamente, nem todos os skinheads eram supremacistas brancos. Mas alguns eram, e a imagem do neonazista careca estaria sempre associada ao Oi!

Isso fez com que os demais punks buscassem se distanciar de qualquer ligação com o nazismo. Surgiu o Rock Against Racism e o Anti Nazi League - com membros entre os skinheads. A 'brincadeira' com suástica ficaria para trás.