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Desventuras / Cleópatra

Mais de dois mil anos depois de sua morte, Cleópatra é alvo de polêmica no Egito

Produção documental da Netflix sobre Cleópatra, a última rainha, irritou Ex-ministro de Antiguidades do Egito

Redação Publicado em 21/04/2023, às 12h07 - Atualizado em 11/05/2023, às 20h01

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Cena da série documental da Netflix 'Rainha Cleópatra' - Divulgação/Netflix
Cena da série documental da Netflix 'Rainha Cleópatra' - Divulgação/Netflix

Mais de dois mil anos após sua morte, Cleópatra, última rainha do Egito, voltou a ser tema de debate entre internautas. Isso porque 'Rainha Cleópatra', nova série documental da Netflix sobre a rainha, dividiu opiniões ao escalar uma atriz negra para interpretar a líder. 

Parte do especial 'Rainhas Africanas', que tem produção e narração de Jada Pinkett Smith, a série sobre Cleópatra mostrará "(...) A mulher mais famosa, poderosa e incompreendida do mundo - uma rainha ousada cuja beleza e romances vieram a ofuscar seu verdadeiro trunfo: seu intelecto. A herança de Cleópatra tem sido objeto de muitos debates acadêmicos, muitas vezes ignorados por Hollywood. Agora nossa série reavalia esta parte fascinante de sua história", detalha a sinopse da produção. 

Embora a série ainda não tenha sido lançada, foi uma prévia divulgada pela Netflix nas redes sociais que se tornou assunto. As imagens, que mostram a talentosa Adele James como Cleópatra, retomaram o debate sobre qual seria a verdadeira cor da rainha. Além disso, a plataforma de streaming divulgou pequenos relatos de especialistas que discutem que Cleópatra teria sido negra. 

"Dado que Cleópatra se representa como uma egípcia, parece estranho insistir em retratá-la como totalmente europeia", disse na prévia Sally Ann Ashton, especialista que discute o tema na série documental. "Cleópatra governou no Egito muito antes do assentamento árabe no norte da África. Se o lado materno de sua família fosse de mulheres nativas, elas seriam africanas, e isso deveria ser refletido nas representações contemporâneas de Cleópatra". 

O vídeo também mostra outra especialista debatendo sobre o tema. "Lembro-me de minha avó me dizendo: 'Não me importa o que dizem na escola, Cleópatra era negra", afirma ela.

Polêmica no Egito

Tema entre internautas, o assunto, como era de se esperar, causou polêmica no Egito. Zahi Hawass, egiptólogo e ex-ministro das Antiguidades do Egito se colocou contra a série documental. Em entrevista ao jornal al-Masry al-Youm, que foi repercutida pela BBC, Zahi disse que Cleópatra não era negra.

Isso é completamente falso. Cleópatra era grega, o que significa que ela tinha pele clara, não negra", afirmou Zahi Hawass, que também acusou a plataforma de streaming de 'tentar provocar confusão'. 

"A Netflix está tentando provocar confusão, espalhando fatos falsos e enganosos de que a origem da civilização egípcia é negra", disse Zahi, que também pediu para que os egípcios não apoiem a plataforma de streaming.

Com a produção prestes a ser lançada com exclusividade no streaming, o advogado Mahmoud al-Semary abriu ação no Ministério Público. Ele pede que sejam tomadas 'as medidas legais necessárias' e que o acesso à Netflix seja impedido no Egito. 

Cena da série documental 'Rainha Cleópatra', da Netflix /Crédito/Divulgação/Netflix

A atriz Adele James também usou sua conta oficial no Twitter para rebater os ataques que tem recebido após o anúncio da série. Entre alguns dos comentários que a atriz recebeu, um internauta diz que a série, que nem foi lançada, tentaria 'esconder tudo apenas para roubar nossa história'. Outra conta disse para a atriz que 'Cleópatra era uma rainha e não uma escrava'. 

"Apenas para sua informação, esse tipo de comportamento não será tolerado em minha conta. Você será bloqueado sem hesitação!!!", escreveu Adele na rede social. "Se você não gosta do elenco, não assista ao show". 

O debate

Hollywood eternizou a imagem de Cleópatra como uma mulher belíssima, de olhos claros, cabelos lisos e uma pele branca. No entanto, há anos, especialistas debatem que essa imagem passa longe do que realmente existiu.

Isso porque a população do Egito era multicultural e multirracial, o que impossibilita que Cleópatra tivesse a perfeita imagem reproduzida pela atriz Elizabeth Taylor nos filmes. Além disso, não existem muitas informações sobre a mãe e avós paternos da rainha. 

Cena de 'Rainha Cleópatra', da Netflix /Crédito/Divulgação/Netflix

Ao mesmo tempo, os restos mortais da última rainha do Egito não foram encontrados, o que dificulta dar fim a polêmica. Afinal, um exame feito a partir da ossada poderia, de fato, responder os maiores enigmas sobre Cleópatra. Em artigo escrito ao site Aventuras na História, o professor de História Vítor Soares resgata o debate em torno da cor e aparência física da rainha. 

Cleópatra VII

A saga de Cleópatra VII é resgatada no podcast da Aventuras na História, o 'Desventuras na História'. O episódio tem a narração de Vítor Soares, que é professor de História e também o idealizador do podcast 'História em Meia Hora'.

O episódio destaca a ilustre vida e a morte da figura eternizada na história da civilização que prosperou às margens do Nilo.