Mesmo as mentes mais brilhantes da humanidade, como a de Charles Darwin, têm dias ruins
Éric Moreira Publicado em 25/04/2023, às 15h49 - Atualizado em 26/06/2023, às 18h19
Ocasionalmente, todos enfrentam dias ruins, que parece que nada que tenta-se fazer dá certo, ou nossa própria cabeça funciona lentamente. E embora muita gente associe esses dias difíceis a alguma falta de competência no que se tenta exercer, fato é: existem dias e dias, para todas as pessoas.
Assim, pode-se afirmar tranquilamente que, mesmo que muito mais competentes que a maioria das pessoas, algumas das maiores mentes da humanidade também enfrentam dias ruins. E uma dessas famosas figuras, que inclusive possui registros em cartas de um desses momentos, é o famoso biólogo e "pai da teoria da evolução das espécies", o britânico Charles Darwin.
Preservada na biblioteca da American Philosophical Society, uma carta escrita por Darwin no dia 1º de outubro de 1861 a um amigo, o advogado Charles Lyell, revela algumas das impressões do biólogo sobre um dia ruim em que vivia. "Estou muito mal hoje", escreveu, segundo o site do NPR.
Mas estou muito mal hoje e muito estúpido e odeio tudo e todos", lamentava Darwin na carta.
Provavelmente, o biólogo britânico estaria bastante esgotado. Na época — dois anos depois de ter publicado 'A Origem das Espécies', sua obra mais famosa que o eternizou como "pai da teoria da evolução das espécies" — já era famoso em meio a comunidade científica, carregando consigo longos anos de trabalho que o "mataram pela metade", como ele mesmo descreve, e trabalhava em seu próximo projeto.
Inclusive, Darwin menciona na carta: "Vou escrever um livrinho para [John] Murray sobre orquídeas. [...] E hoje as odeio mais do que tudo".
Claro que o cansaço e esgotamento em alguns assuntos repetitivos levam as pessoas a pontos mais elevados de estresse, e culminam em um dia pelo menos desagradável. Mas, se tem algo que as pessoas ansiosas entendem, é como, às vezes, uma pequena autocobrança pode agravar o humor de alguém.
De fato, talvez o fardo de ser um dos principais nomes da ciência, na época, levava Darwin a um nível de autocobrança um pouco acima do agradável. Na própria biografia do biólogo, 'The Reluctant Mr. Darwin', publicada em 2006 e escrita por David Quammen, o autor afirma que o cientista era um "nerd, sistemático, propenso à ansiedade".
Darwin não era uma pessoa rápida, espirituosa e nem mesmo sociável, de acordo com o site do NPR. Pelo contrário, passou décadas de sua vida elaborando suas ideias, lentamente, principalmente sozinho, escrevendo cartas e com constantes dores no estômago, conta o biógrafo. "Vive-se apenas para cometer erros", escreveu o biólogo em outro momento para Lyell.
