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Desventuras / Nazismo

O médico brasileiro que testemunhou a morte do 'Anjo da Morte' de Hitler

Era 1979 quando o jovem médico Ricardo Viegas Berriel atestou a morte de Josef Mengele, o 'Anjo da Morte' de Hitler

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/08/2023, às 19h38 - Atualizado em 06/09/2023, às 15h30

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O médico Ricardo Viegas Berriel e Josef Mengele, nazista conhecido como 'Anjo da Morte' - Reprodução/LinkedIn/Ricardo Berriel / Domínio Público via Wikimedia Commons
O médico Ricardo Viegas Berriel e Josef Mengele, nazista conhecido como 'Anjo da Morte' - Reprodução/LinkedIn/Ricardo Berriel / Domínio Público via Wikimedia Commons

Ainda hoje, um dos períodos mais mortais e conturbados da história foi o que se deu entre os anos de 1939 e 1945, quando acontecia a Segunda Guerra Mundial. O evento, que marcou a história recente, foi caracterizado pelos intensos embates entre os Aliados (Inglaterra, França, Estados Unidos e URSS) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), que levou à morte pelo menos entre 60 e 70 milhões de pessoas.

Como a Segunda Guerra é constantemente alvo de estudo para historiadores, muita gente acredita que se trata de um passado muito distante da humanidade. Porém, é notado que começou ainda há menos de 100 anos, de maneira que ainda podem ser encontrados, pelo mundo, pessoas que não só viram seu desenrolar quando pequenos, como até mesmo sobreviventes que tiveram contatos diretos com figuras historicamente importantes.

Entre as figuras que ficaram conhecidas no auge da expansão nazista pelo mundo, uma que ficou bastante conhecida por sua saga tétrica foi o oficial médico Josef Mengele, que ganhou o apelido de 'Anjo da Morte'. Embora tenha sido famoso pelo conflito que ocorreu na Europa, ele morreu muito depois, em 1979, no Brasil; e até julho deste ano, havia ainda um médico brasileiro vivo que atestara sua morte: Ricardo Viegas Berriel.

Oftalmologista renomado, Berriel veio a óbito na cidade de Bauru, no interior de São Paulo, no dia 19 de julho de 2023. Deixando esposa, dois filhos e netos, ele tinha 72 anos quando morreu, em meio a uma intensa luta contra um câncer, segundo a Folha de S. Paulo.

O médico Ricardo Viegas Berriel / Crédito: Reprodução/LinkedIn/Ricardo Berriel

A morte do nazista

Era dia 7 de fevereiro de 1979 quando um jovem de 28 anos, Ricardo Berriel que cumpria plantão no pronto-socorro de Bertioga — na época um distrito de Santos —, presenciou o que a princípio parecia um episódio relativamente comum: um homem havia morrido afogado na Praia da Enseada.

O que vi foi um senhor de estatura baixa, sem sinais de violência, que vestia apenas um calção. O que chamou mais a atenção foi o bigodão", contou Berriel em entrevista ao jornalista Marcus Liborio, no Jornal da Cidade de Bauru, em 2017.

No entanto, foi somente seis anos depois, em 1985, que uma investigação de autoridades alemãs e brasileiras revelou a verdade: aquele homem — que vivia no Brasil com o nome de Wolfgang Gerhard — era o médico alemão nazista Josef Mengele, conhecido por alguns como 'Anjo da Morte', um dos criminosos de guerra mais procurados da história. Ele, inclusive, foi enterrado no Cemitério de Nossa Senhora do Rosário, em Embu das Artes.

Antiga foto dos nazistas Richard Baer, Josef Mengele e Rudolf Hoss, respectivamente
Antiga foto dos nazistas Richard Baer, Josef Mengele e Rudolf Hoss, respectivamente / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Nos anos que se seguiram, algumas teorias da conspiração ainda tentaram colocar dúvidas sobre o caso, mas exames de DNA comprovaram se tratar do conhecido nazista. Posteriormente, seus restos mortais, que nunca foram requisitados pela família, se tornaram objeto de estudo em aulas de medicina forense pela USP.

Exterminador de judeus

Conforme noticiado pela Folha, Mengele foi um coronel-médico nazista, responsável pela condução de inúmeros experimentos humanos naquele que ficou conhecido como o maior campo de concentração e extermínio nazista: Auschwitz. Ele foi chefe do local em 1943, e era também quem determinava quais grupos de prisioneiros deveriam trabalhar, e quais seriam encaminhados às câmaras de gás — que mataram mais de 1 milhão de judeus.

É importante lembrar que o Holocausto, a perseguição sistemática de minorias pelo regime nazista, levou à morte de pelo menos 6 milhões de judeus no total.