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Quem foi Saladino? Conheça o líder militar que entrou para a História

O pesquisador Paulo Rezzuti conta a trajetória de vida de um dos líderes mais importantes da história do Oriente Médio; confira!

Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 14/12/2023, às 21h00

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Ilustração de Saladino - Domínio público
Ilustração de Saladino - Domínio público

Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub, mais conhecido no ocidente como Saladino, nasceu em 1137 em Tikrit, atual Iraque, em uma família importante de origem curda. Tanto seu pai quanto o tio eram líderes militares, mas foram banidos da cidade graças à queda do governo local. Como resultado, a família saiu da cidade no dia de seu nascimento.

Em seguida, migraram para a Síria e, mais tarde, para Damasco, onde Saladino estudou astronomia, aritmética, geometria e direito, o que fazia parte da educação de membros de sua classe social. Ele sempre exemplar nos estudos, mostrava interesse por História e genealogia e sabia muito sobre cavalos, especialmente sobre os puros-sangues árabes. Também se destacava mesmo no estudo do Alcorão (livro religioso muçulmano).

No entanto, ainda que fosse muito bom na carreira acadêmica, ele continuou a linhagem da família e seguiu carreira militar, sob a tutela do tio Asad ad-Din Shirkuh. Centenas de anos depois, seria reconhecido como um líder muito importante para a história do Oriente Médio. O pesquisador Paulo Rezzutti conta em seu canal, no quadro ‘A História Não Contada’, mais detalhes sobre vida do líder.

Sucesso na carreira

A sua primeira grande campanha ocorreu em 1164, aos 26 anos, quando Shirkuh foi enviado ao Egito por Noradine de Alepo para auxiliar Shawar ibn Mujir al-Sa'di, o vizir (ministro que governava em nome do soberano, que no caso era o Califa) do Califado Fatimita.

Após restaurar o aliado ao poder, as tropas permaneceram no Egito, o que foi crucial, pois, o vizir, salvo por essas tropas, traiu e se aliou aos cruzados de Jerusalém. Na Batalha de al-Babein, os exércitos de Saladino e do vizir enfrentaram-se. Saladino se destacou ao capturar um comandante inimigo, e o exército de Shirkuh saiu vitorioso, ganhando Alexandria como base.

Ilustração da imagem de Saladino - Crédito: Domínio público

Em 1169, a disputa abruptamente encerrou-se com as mortes tanto de Shawar, o vizir, quanto de Shirkuh, tio de Saladino. Al-Adid, califa do Califado Fatimita, escolheu Saladino como o novo vizir, mas, resgata Rezzutti, isso foi uma notícia surpreendente:

Isso surpreendeu muita gente, porque Saladino não só era um dos comandantes das forças sírias, mas também era sunita, enquanto o califa era xiita. Essas são as duas grandes divisões da religião islâmica e têm algumas diferenças fundamentais entre si, mais ou menos como entre católicos e protestantes na religião cristã. Além disso, o Saladino tinha só 31 anos e não tinha avançado muito na sua carreira militar”.

Surpresa do poder

Sua ascensão foi influenciada pela origem curda, compartilhada por muitos apoiadores de Al-Adid, e pela falta de vínculos políticos com os emires do Califado.

Apesar das dúvidas iniciais, o líder encarou uma tentativa de assassinato e uma rebelião militar nos primeiros meses de seu governo. Já no final do ano, derrotou os cruzados, consolidando seu poder. Nomeando parentes e aliados em posições estratégicas, estabeleceu escolas religiosas sunitas na região.

No ano seguinte, com a morte do califa Al-Adid, Saladino dissolveu o Califado Fatimita. Os emires locais escolheram o chefe do Califado Abássida, baseado em Bagdá, como novo califa, nomeando Saladino como sultão do Egito e iniciando a dinastia aiúbida. Governando a partir do Cairo, Saladino concentrou-se em destruir postos avançados dos cruzados, aproveitando todas as oportunidades.

Saladino não parou e conquistou ainda mais cidades na Síria, indo em direção a Aleppo. “Os rivais, então, tentaram se livrar dele ao pedir a ajuda da ordem dos Ḥaxāxīn ou assassinos. Era uma seita extremista islâmica cuja especialidade era matar inimigos furtivamente, e é por causa deles que a palavra assassino surgiu em português. Os assassinos conseguiram entrar no acampamento do Saladino, mas foram descobertos e acabaram todos mortos”, afirma Paulo.

Após a propagação de rumores de que Saladino havia se esquecido de sua lealdade a Noradine, ele reagiu destacando que protegia o Islã dos cruzados. Para comprovar, levantou o cerco a Aleppo e atacou outras cidades no caminho dos cavaleiros cristãos.

Retorno de Saladino

A dinastia síria insistiu em seu retorno ao Egito. Apesar de tentar evitar confrontos, Saladino, em desvantagem numérica, enfrentou os inimigos perto de Hama em 13 de abril de 1175. Ocupando terreno elevado, reverteu a situação e assegurou uma vitória que o reconheceu como o novo sultão da Síria, sucedendo Sale Ismail Maleque. Para consolidar seu domínio, casou-se com a viúva de Noradine, Ismat. Embora não tivessem filhos, Saladino teve pelo menos 18 com outras esposas, concubinas e escravizadas.

Desenho exibindo o retrato de Saladino - Crédito: Domínio público

Saladino levou mais de um ano para conquistar a Síria, sendo Aleppo a última cidade que resistiu. A Terceira Cruzada começou em 1189 com a captura de Silves, no Algarve (atualmente em Portugal), antes de prosseguir para a Palestina. Os conflitos iniciais ocorreram em 1190, cercando Acra liderado por Guy de Lusignan.

Com reforços de Ricardo Coração de Leão, Filipe II e Leopoldo da Áustria, a cidade caiu em 12 de julho de 1191. Contudo, a disputa de egos levou Leopoldo e Filipe a retornarem a seus países.

Morte do gigante

O líder ficou conhecido também por seu trabalho ativo na tentativa de tomar Jerusalém. No início de 1193, adoeceu e faleceu em 4 de março, surpreendendo quando descobriram que ele havia doado toda sua fortuna aos pobres, contando apenas uma peça de ouro e quarenta de prata, insuficiente para cobrir seu próprio funeral.

Saladino foi sepultado no mausoléu nos jardins da Mesquita de Umayyad, em Damasco. O local, que pode ser visitado, abriga o sarcófago original de madeira que cobre sua tumba, além de outro de mármore doado pelo imperador Guilherme II da Alemanha em 1898, após sua visita ao mausoléu.

Saladino acabou reconhecido tanto na cultura do Oriente Médio quanto na europeia como um dos líderes mais importantes e um dos mais cavalheirescos de todos os tempos. Até Dante Alighieri o citou na 'Divina Comédia' entre os não cristãos virtuosos que estão no limbo. Ele é considerado o curdo mais importante da História, e a principal universidade do Curdistão iraquiano recebeu o nome de Universidade Salahaddin em sua memória”, comenta Rezzutti.

Para conferir a história completa do líder, confira o vídeo de Paulo Rezzuti no Youtube: