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Matérias / Personagem

Qamar Gul, a menina de 15 anos que vingou a morte dos pais

Em um episódio que marcou o ano, a adolescente afegã decidiu agir após um ataque do Talibã

Giovanna de Matteo Publicado em 01/11/2020, às 10h00

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Imagem de Qamar Gul - Divulgação / Twitter
Imagem de Qamar Gul - Divulgação / Twitter

Qamar Gul é uma jovem de apenas 15 anos, no entanto, sua vida é muito diferente da das adolescentes do resto do mundo. Hoje ela é reconhecida globalmente, e estampa capas de notícias, no entanto, sua fama nasceu diante de um episódio trágico, que marcou o ano de 2020.

A menina morava com seus pais e seu irmão mais novo, Habibullah, na Província de Ghor, no Afeganistão. Eles passaram por um atentado terrorista organizado por homens do grupo Talibã, que conflita com o Governo, exigindo que a população siga as suas interpretações radicais da Sharia (lei islâmica). E foi assim que a família da jovem caiu em desgraça.

Ponto da Província de Ghor, no Afeganistão /Crédito: Wikimedia Commons

O ataque aconteceu durante uma madrugada no vilarejo de Geriveh. Quando invadiram a casa, o seu pai, um líder tribal que apoiava o governo local, e a sua mãe, foram vítimas dos rebeldes, tendo sido mortos naquela noite.

No entanto, o impressionante nesse caso é que Qamar Gulvendo a vida de seus pais irem embora, se revoltou em um contra-ataque. Segundo o depoimento publicado na Veja, a menina teria, com a ajuda de Habibullahvingado a morte dos pais num ato impulsivo de coragem e fúria. Isso porque a menina teria um fuzil AK-47 em casa, que aprendeu a usar com o seu pai.

“Estávamos dormindo quando alguém bateu na porta. Minha mãe perguntou quem era. A pessoa respondeu 'somos Mujahedin'. Minha mãe não abriu, mas eles chutaram a porta. Eles tiraram minha mãe e meu pai de casa e atiraram neles na frente de meus olhos. Peguei a arma do meu pai. Eu matei dois deles e machuquei um outro. Com ajuda do meu irmão, brigamos com eles até que outras pessoas chegassem e os milicianos fugissem ”.

Depois dos horrores do tiroteio, as duas crianças foram levadas pelas autoridades para a casa de outros familiares, onde residem em segurança, mas ainda assim podem estar diante de um perigo iminente.

“Tenho orgulho de ter matado os assassinos dos meus pais”, disse Gul, mas lembra que lamenta não ter conseguido se despedir: “Depois de matar os dois talibãs, fui ver meus pais, mas eles não estavam respirando. Sinto-me triste, não consegui me despedir. ”

Segunda versão?

Todavia, a história de Qamar conta com uma segunda versão que modifica toda a narrativa da jovem. Segundo o New York Times, existe a possibilidade de a garota ter matado o próprio marido, membro da guerrilha, durante o confronto armado.

Segundo o jornal, a adolescente era casada com o agressor, que tentava levá-la a força com outros extremistas — os dois teriam se unido em 2016. Após oferecer a filha para o pretendente, o pai da garota, Shan Gul Rahimi, se casou pela segunda vez com uma sobrinha de Mohamed Naeem, suposto marido de Gul. O conflito, então, teria acontecido por conta do tratamento que o pai da menina dava a sua família.

Contudo, vale ressaltar que as duas versões confirmam um cenário: o atentado aconteceu durante uma madrugada no vilarejo de Geriveh, e a garota teria reagido depois da morte de seu pai e mãe, atirando com um fuzil AK-47 em direção aos extremistas.

Além dela, o irmão mais novo de Gul, que tem 12 anos, também ajudou durante o episódio. O Talibã nega que tenha se envolvido em um confronto com a jovem e seus familiares.

No entanto, é fato que o Afeganistão passa por diversos problemas estruturais. Sendo uma região de conflito, com combates entre o governo e grupos extremistas, a situação de miséria se alastra pelo país. 

Num país em que a violência contra a mulher é exorbitante, a adolescente se mostra firme, um contraste que com certeza ameaça os grupos conservadores e extremistas islâmicos. Por sua vez, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, se dispôs à dupla, e em homenagem à coragem dos jovens, os convidou para uma visita especial no palácio presidencial.


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