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Coronavírus / Pandemia

Em 1918, Denver recuou nas medidas de isolamento social — e os resultados foram catastróficos

Medida fez com que a cidade sofresse empilhamento de corpos e, mortes pela Gripe Espanhola foram maiores que baixas da Primeira Guerra

Fabio Previdelli Publicado em 23/04/2020, às 14h00

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Policiais americanos com máscara - Getty Images
Policiais americanos com máscara - Getty Images

As medidas de isolamento social não causam controvérsias só por aqui. Enquanto muitos permanecem em seus recintos a fim de colaborarem para o vírus do Covid-19 não se espalhar. Outros parecem ignorar o número cada vez maior de mortes pelo novo coronavírus no mundo, e até mesmo organizam prostestos pedindo o fim da quarentena. Um exemplo disso aconteceu no meio da semana passada nos Estados Unidos.

Mas, contrariando todos os céticos e negacionistas de plantão, a emissora americana CNN publicou um texto ontem, 22, sobre como o número de mortes causadas pela gripe espanhola cresceu após a cidade de Denver adotar um relaxamento das medidas de distanciamento social na pandemia de 1918. Afinal, em meio a crise, veículos do mundo todo relembram situações parecidas do passado.

Na ocasião, o prefeito William Fitz Randolph Mills pactuou com as pressões de grandes nomes do mercado e reduziu o isolamento entre as pessoas. Assim, o Dia do Armistício, que marcava o fim da Primeira Guerra, foi a ocasião especial para as pessoas voltarem às ruas.

Desse modo, no dia 11 de novembro de 1918, após cinco semanas de confinamento, o secretário da Saúde de Denver, William H. Sharplay, acreditava que tudo já estava “sob controle”.

Seu entusiasmo era prematuro, mas compreensível: as autoridades de Denver poderiam apontar para o progresso na contenção da doença naquele momento, em comparação com outras cidades, como Chicago.

Além do mais, as pessoas já estavam irritadas com as recomendações de ficarem em casa, e as empresas — principalmente os cinemas — estavam raivosos por perderem tanto dinheiro pela pandemia que parecia ser, relativamente, isolada. Com isso, houve argumentação de que era melhor simplesmente colocar em quarentena aqueles que apresentavam sintomas e deixar que todos os outros realizassem seus negócios normalmente.

O ato parecia razoável no momento, mas não teve o resultado pretendido. Em vez de estarem no fim do período da gripe em Denver, a cidade acabou sofrendo uma segunda onda de contágios.

Em 22 de novembro, as mortes estavam aumentando e as autoridades  se esforçaram para restabelecer as proibições em reuniões públicas e privadas, exigindo o uso de máscaras para todo o comércio.

Mas o estrago já estava feito. Cinco dias depois, as manchetes do Denver Post divulgaram as más notícias: “Todos os recordes de mortes foram estabelecidos em Denver nas últimas 24 horas", alegando que mais moradores de Denver morreram de Gripe Espanhola do que os coloradenses morreram na Primeira Guerra Mundial.

Em 1918, os casos se espalharam por todo o estado do Colorado, principalmente quando algumas escolas reabriram: em meados de novembro. Com isso, o Estado americano teve mais mortes per capita do que a média nacional.