A medida bizarra foi atribuída ao imperador por Suetônio, mas sua origem gera debate
Ao longo dos impérios que entraram para a História, a passagem de Calígula marca a Roma Antiga pela figura controversa que o imperador se tornou com decisões tirânicas, além de medidas publicamente notórias pela esbórnia, como suas longevas orgias obscenas.
Contudo, pela longa distância temporal entre os dias atuais e o período de regência de Calígula, estimados entre os anos de 37 e 41 d.C., são poucos os relatos factuais com base em informações documentadas de tal época. Dessa forma, suas ilustrações, antigas e modernas, se mistura entre realidade e imaginação de alguns autores.
Uma dessas retratações chama atenção por uma curiosa movimentação política que o detentor da coroa romana teria realizado como forma de enaltecer um de seus melhores amigos; ele tinha um cavalo de corrida favorito, de nome Incitatus, que chegava a receber cuidados especiais por seus súditos.
Incitatus, além de ser alimentado regularmente, adicionando inclusive iguarias em sua dieta, tinha um estábulo construído sob medida para abrigá-lo, com acabamento em mármore. Já seus cuidadores e seguranças obrigavam a vizinhança a manterem o silêncio para não atrapalhar o sono do animal.
Contudo, uma afirmação partindo de Suetônio, como atribui o portal da BBC, chama atenção sobre a suposta medida política de Calígula com o cavalo: "Dizem até que ele planejava tornar o cavalo um cônsul", apontou o escritor latino, nascido no mesmo século em que Calígula atuou, mesmo que anos depois de seu óbito.
A ideia de nomear um cavalo não apenas mostraria seu poder totalitário, como poderia ser visto por colegas de governo e por pessoas próximas como uma forma de rebaixá-los, visto que o importante cargo seria ocupado por um ser que sequer poderia conversar e, muito menos, se articular politicamente em algum consulado.
De acordo com o veículo britânico, no entanto, esta afirmação nunca ocorreu. A tese mais aceita por historiadores é de que Calígula pode ter brincado publicamente de forma a ironizar o fato de que um cavalo seria melhor ocupante do cargo do que as pessoas que o rodeavam.
A BBC ainda enaltece que existiu a possibilidade de o imperador realmente ter cogitado tornar o cavalo favorito cônsul, mas para realmente deteriorar a imagem pública dos membros do Senado. Mesmo assim, não há registros do imperador ter realmente colocado a medida em prática.
No podcast 'Desventuras na História', o professor de História, Vítor Soares, conta que até meados do século 19, os ingleses tiveram de pagar imposto baseado na quantidade janelas em suas casas. Confira!
