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Matérias / Hugo Chávez

Há 10 anos, a Venezuela presenciava a morte de Hugo Chávez

A trajetória do ex-presidente da Venezuela, que ocupou o cargo mais alto de seu país de 1999 a 2013

Redação Publicado em 05/03/2023, às 08h00

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O ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em Assembleia Geral da ONU em 2006 - Spencer Platt/Getty Images
O ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em Assembleia Geral da ONU em 2006 - Spencer Platt/Getty Images

Há 10 anos, morria o então presidente da Venezuela,Hugo Chávez, no dia 5 de março de 2013. A causa específica da morte do político e militar venezuelano não foi divulgada pelo governo, mas seu antigo chefe da guarda presencial, o general José Ornella, disse que ele teria morrido de um ataque cardíaco fulminante.

Segundo notícia do G1 da época, a informação de "infarte fulminante" não dá indícios de qual foi a doença que matou Chávez. O ex-presidente lutou uma longa batalha contra um câncer, fora tratado em Cuba e submetido a quatro operações cirúrgicas diferentes. O ministro da Informação da Venezuela à época, Ernesto Villegas, afirmou que Chávez havia tido uma infecção respiratória que agravou seu estado depois da última cirurgia.

Mesmo com o câncer na região pélvica,Chávez concorreu à reeleição em 2012 e ganhou por 55% dos votos. Para que isso fosse possível, ele realizou uma manobra política que possibilitou que ele concorresse ao cargo de presidente da Venezuela quantas vezes quisesse. Para alguns de seus apoiadores, competir apesar da doença foi um 'último gesto de amor' pelo povo venezuelano.

Pessoas assistindo a uma transmissão ao vivo do funeral de Chávez em Caracas, capital da Venezuela - Mario Tama/Getty Images

Início de carreira

Hugo Rafael Chávez Frias nasceu em 28 de julho de 1954, na cidade de Sabaneta, no estado de Barinas, na Venezuela. Nascido em uma família sem muitos recursos financeiros e filho de professores, o jovem Hugo decidiu entrar no exército venezuelano. Aos 17 anos, ele ingressou na Academia Militar do Exército Venezuelano e ficou lá até os 21 anos, quando se formou e iniciou uma carreira no exército.

Durante a década de 1980, Chávez entrou em contato com ideais revolucionários e fundou o Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR-200), inspirado em Simón Bolívar, o militar venezuelano que participou ativamente do processo de independência da Venezuela, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia.

O grupo revolucionário de esquerda tentou um golpe em 1992, tentando derrubar o governo de Carlos Andrés Pérez. A tentativa de tomar o poder do MBR-200 foi fracassada, e Chávez e outros militares do grupo foram presos. O presidente que eles tentavam derrubar iria cair no ano seguinte, não por golpe e sim por escândalos de corrupção.

A participação de Chávez na tentativa de golpe o levou à fama, e uma campanha popular pela libertação do militar surgiu, culminando na anistia e soltura de Hugo em 1994. Depois de um golpe fracassado, ele resolveu tomar o poder por meios mais tradicionais, e fundou o Movimento V República ("V" no sentido de quinta, em oposição à Quarta República Venezuelana que existia no momento), também conhecido como MVR.

Com o MVR, Chávez se aproveitou do descontentamento popular com a política e a corrupção e prometeu a construção de uma democracia que usaria da riqueza do petróleo para melhorar a vida dos venezuelanos mais pobres. Segundo o Mundo Educação, com esse discurso ele foi eleito à presidência em 1998 com 56% dos votos.

Na presidência

Chávez foi empossado como presidente da Venezuela em fevereiro de 1999. Uma de suas promessas de campanha era uma reformulação da Constituição do país, o que aconteceu por meio de uma Assembleia Constituinte composta, principalmente, de apoiadores de Chávez.

Na nova Constituição, o mandato presidencial duraria 6 anos.Chávez concorreu à reeleição para atuar com um mandato maior, sendo eleito com 60% dos votos.

Chávez criou programas de bem-estar social e de ampliação de acesso da população à saúde e à educação. Outra marca de seu governo foi um aumento da distribuição de renda na Venezuela, diminuindo a desigualdade do país. Isso ajudou a consolidar uma oposição ao seu governo formada pela elite econômica do país, que conspirava para derrubá-lo.

Golpe de 2002

Insatisfeitos com a perda de privilégios históricos e se aproveitando de uma baixa na economia do país, membros das elites venezuelanas tentaram um golpe de Estado contra Chávez, com membros do exército anunciando Pedro Carmona como presidente no dia 11 de abril.

Carmonadurou 3 dias no cargo, e o golpe fracassou. Hugo, então, buscou criar mecanismos que fortalecessem sua posição de poder, especialmente com o apoio dos militares e em detrimento da democracia. Em 2006, Chávez foi novamente reeleito, falando sobre ampliar as transformações de seu governo para realizar "o socialismo para o século 21".

Hugo Chávez e Fidel Castro, dois dos principais nomes do socialismo latino-americano - Miraflores/Getty Images

Legado

O legado de Hugo Chávez é visto de maneira controversa tanto pela população venezuelana quanto por analistas políticos. A pobreza diminuiu durante seus 14 anos na presidência por meio de suas Missões Bolivarianas. Por outro lado, o funcionamento das instituições democráticas foi prejudicado com a perseguição de opositores do chavismo e do bolivarianismo, o conjunto de doutrinas políticas promovido por Chávez.

A crise econômica atual da Venezuela também tem certa relação com o governo de Chávez, já que o presidente sustentou a economia do país no petróleo, algo que deu muito certo enquanto o produto estava em alta no mercado internacional de commodities. O preço do combustível fóssil começou a cair depois da morte de Chávez, em 2014, o que levou a economia da Venezuela a sofrer fortemente o impacto da queda.

Nicolás Maduro discursando ao lado de imagem de Chávez em 2021 - Carolina Cabral/Getty Images

Hugo Chávez foi sucedido como presidente da Venezuela por seu vice, Nicolás Maduro, que venceu uma nova eleição convocada um mês depois da morte do ex-presidente. O governo de Maduro tem sido alvo de críticas da oposição desde que começou, com alegações de que sua má administração e autoritarismo levaram à crise econômica e política severa em que o país se encontra até hoje.