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Coronavírus / Pandemia

Morre por coronavírus o último combatente que libertou Paris de soldados do Terceiro Reich

Rafael Gómez Nieto lutou junto às tropas da La Nueve — a primeira a entrar na cidade francesa, em 24 de agosto de 1944

Vanessa Centamori Publicado em 01/04/2020, às 17h00 - Atualizado às 18h10

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A libertação de Paris, onde estavam tropas da La Nueve - Wikimedia Commons
A libertação de Paris, onde estavam tropas da La Nueve - Wikimedia Commons

Na França, morreu ontem, 31, de coronavírus, Rafael Gómez Nieto, o último sobrevivente da La Nueve, o grupo de soldados republicanos espanhóis que liberaram Paris das tropas nazistas, em 1944. 

Nieto faleceu aos 99 anos de idade e completaria um século em janeiro de 2021. Ele foi hospitalizado após testar positivo para a Covid-19, segundo informou seu filho, à Agence France-Presse (AFP). 

A historiadora Evelyn Mesquida, que mantinha contato com Nieto, lamentou a morte do ex-soldado. Segundo ela, Nieto ainda "conservava a força e a memória" e fazia compras de carro há algumas semanas. "[Ele] era o símbolo de La Nueve. Com ele se vai uma parte da história da liberação de Paris e dos republicanos espanhóis", disse. 

Rafael Gómez Nieto, último sobrevivente da La Nueve / Crédito: Divulgação 

Nieto lutou contra Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola antes mesmo de se juntar ao exército dos aliados, na Segunda Guerra Mundial. Após a Batalha do Ebro (considerada a mais longa e sangrenta da guerra civil), ele partiu para a fronteira com a França, junto a outros 500 mil compatriotas. 

Viajou então para o norte da África, onde se alistou na 9ª companhia do Regimento de Marche du Tchad, do exército francês. Na época, a companhia era mais conhecida pelo nome espanhol: La Nueve, ou ainda, La Española.

Isso ocorria pois cerca de 146 homens da equipe, que tinha um total de 160 combatentes, eram espanhóis. Apesar de fazerem parte do exército francês e serem liderados por um francês, os soldados podiam usar o brasão da Segunda República Espanhola. 

Em 24 de agosto de 1944, a La Nueve entrou em Paris pela Estação Porte d'Italie, localizada no sul da cidade. As tropas foram enviadas para os prédios e edifícios ocupados por militares alemães, como a Praça da Concórdia. 

Isso ocorreu enquanto os soldados aguardavam a desistência oficial do governador alemão que tinha ocupado Paris, o general Dietrich von Choltitz. Então, o oficial Amado Granell, que comandava a La Nueve, entrou no Hotel de Ville de Paris (a prefeitura) e se encontrou com o líder do Conselho Nacional da Resistência, da França. 

No dia seguinte, as tropas dos aliados, lideradas por Gen Charles de Gaulle, entraram em Paris. Mais de 50 membros de La Nueve receberam como honra a decoração militar Croix de Guerre, por sua bravura. 

Apenas recentemente a La Nueve foi reconhecida. Por muito tempo, permaneceu esquecida nos livros de história por questões políticas (o triunfo foi atribuído todo à França, deixando os espanhóis de lado). Em agosto de 2004, só 60 anos depois, Paris fez uma homenagem aos combatentes.