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Desventuras / Alexandre, o Grande

Alexandre, O Grande: O debate sobre a ascenção e sexualidade do líder militar

Exclusiva da Netflix, série documental com encenações conta com especialistas para discutir a trajetória de Alexandre, o Grande

Isabelly de Lima Publicado em 31/01/2024, às 11h54 - Atualizado em 19/02/2024, às 18h31

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Montagem com busto de Alexandre, o Grande e a reprodução da série documental - Carole Raddato e Divulgação / Netflix
Montagem com busto de Alexandre, o Grande e a reprodução da série documental - Carole Raddato e Divulgação / Netflix

No ano de 336 a.C., a vida de um jovem príncipe que, até então, se encontrava exilado em Illyria, uma pequena cidade da Macedônia, mudaria drasticamente. O jovem, considerado por muitos um “príncipe bastardo” — graças a descendência estrangeira de sua mãe —, tomaria o poder naquele ano. Ele chegaria ao poder como um rei, antes mesmo de se tornar um ícone para toda a história mundial.

Estamos falando de Alexandre, o Grande, que se tornou um dos líderes de guerra mais famosos da História e é considerado um grande conquistador de territórios. Acreditando ser filho de Zeus — o deus grego mais poderoso, deus dos céus, das tempestades e da liderança —, ele conquistaria terras, derrubaria reinos poderosos, ainda que, para isso, precisasse antes firmar seu poder na pequena Macedônia.

Essa é a trama da nova série de docudrama da Netflix, 'Alexandre, o nascimento de um deus', que estreou nesta quarta-feira, 31, na plataforma de streaming. Misturando encenação e depoimentos de especialistas na história de Alexandre, a produção conta com Buck Braithwaite como Alexandre, Mido Hamada como rei Darius, Dino Kelly como Ptolomeu e outros astros que compõem um grande elenco.

Com a direção de Hugh Ballantyne, Mike Slee e Stuart Elliot, a série embarca em um formato similar ao que foi feito em ‘Cleópatra’, trazendo uma trama encenada para contar a história do grande líder, acompanhado por depoimentos de pesquisadores que combinam os fatos com as cenas exibidas.

Entre os assuntos aprofundados na série, o site Aventuras na História separou pontos para se atentar no primeiro episódio. Para entender com clareza os outros episódios da série, assim como é fundamental para entender a história de Alexandre; confira:

Ascensão ao trono

Em meio a diversas escavações com o intuito de descobrir detalhes do passado, algumas se destacam quando falamos de grandes nomes da História. A Dra. Calliope Papakosta, diretora do Instituo Helênico de Pesquisa da Civilização Alexandrina, realiza um trabalho de pesquisa com escavações em Alexandria, no Egito, e descreve Alexandre como seu “herói”. Mas como ele foi parar em um trono, quando tinha apenas 20 anos?

Alexandre, o Grande, do final da história, o ícone, está longe de ser o Alexandre do começo", diz o professor Lloyd Llewellyn-Jones, da Universidade Cardiff, no País de Gales.

O primeiro episódio explica como Alexandre chegou ao trono da Macedônia, em uma jornada marcada por obstáculos. Após um ano de seu exílio (após ter brigado com seu pai, o rei Philip), o protagonista retornou a cidade para o casamento da irmã. No entanto, em meio às comemorações, o rei fora morto por um de seus guardas pessoais.

Cena da série documental 'Alexandre, o nascimento de um deus' - Divulgação / Netflix

Segundo a Dra. Carolyn Willekes, da Universidade Mount Royal, em Calgary, Canadá, não se sabe quem ordenou a morte do rei. Até mesmo a primeira esposa do monarca, e mãe de Alexandre, Olympias (Kosha Engler na série) foi teorizada como mandante do crime, já que seu marido a havia trocado por uma mulher mais nova, chegando a ter uma filha com ela. Com isso, Alexandre se tornou rei da Macedônia.

Sexualidade do herói

Algo muito discutido ao longo dos anos quando se fala em Alexandre é a sexualidade da figura histórica. Na série, os pesquisadores afirmam que na caminhada do herói ao sucesso, ele não esteve sozinho, principalmente porque tinha ao lado seu fiel confidente: Ptolomeu (Dino Kelly).

Ptolomeu, quem acreditam ser o grande amor de Alexandre, o Grande - Domínio público

O professor Lloyd Llewellyn-Jones comenta que, na época, não existia um termo para uma relação entre pessoas do mesmo sexo. Eles não eram considerados gays, afinal, o termo não existia. Apenas estavam em uma relação afetiva.

As relações de pessoas de mesmo sexo era um consenso comum na sociedade grega em relação aos seres divinos, principalmente para aqueles que seguiam como religião a fé grega, já que os deuses mantinham relações com todos os tipos de pessoas, sem distinção de sexo e até com mais de um parceiro (a). Na vida terrena, Alexandre seguiu os mesmos passos de alguns de seus exemplos divinos.

É o caso de Heféstio Amíntoro (Will Stevens na produção), com quem também manteve uma relação, sendo considerado o namorado de Alexandre. Mas, foi o apoio de Ptolomeu que o auxiliou a entender seu novo posicionamento na corte, principalmente porque ele se sentia sozinho e perdido devido aos últimos acontecimentos; tanto pela morte do pai, quanto pela possível armação da mãe para o colocar no trono.

Quem também opina sobre o assunto é a Dra. Jennifer Finn, da Universidade Loyla, em Chicago. Ela explica na série documental que: "Ptolomeu era um confidente próximo de Alexandre. E, naquele momento, Alexandre tinha um grupo de amigos que esteve na corte real, e esses dois amigos parecem ter sido Heféstio e Ptolomeu, que ficaram com ele e mantiveram a relação ao longo de suas campanhas".

Sistema persa

No entanto, a população da Macedônia acreditava que quem mandou matar o rei Philip (Christopher Sciueref na série) foram os persas, então, um ataque a eles seria inevitável. A guerra estava somente no início e a Macedônia era um território pequeno. Como resultado, o desafio estava lançado e poucas pessoas acreditariam nessa vitória somente vendo os dados geográficos.

O império persa tinha 5 milhões de quilômetros quadrados, com uma população de 50 a 150 milhões, que na época era metade da população mundial", relata a Dra. Jennifer Finn, da Universidade Loyola, em Chicago.

De acordo com a Dra. Salima Ikram, da Universidade Americana, no Cairo, o império persa era tão grande que, para governá-lo, foi preciso “dividi-lo em províncias chamadas de satrapias, cada uma governada por um sátapra e toda a riqueza persa era mandada para a Babilônia, onde ficava a sede do império”.

Cena da série em que Darius vai para uma batalha - Divulgação / Netflix

O rei da Pérsia também havia chegado ao trono há pouco tempo. Tanto Darius quanto Alexandre foram coroados com semanas ou meses de diferença, explica a série documental. Com a possibilidade de tomar a Macedônia para si e também com receio de um ataque logo em seus primeiros momentos como rei, Darius tenta conquistar o território, mas a tentativa é fracassada. Isso faz com que a ira de Alexandre cresça, tal como seu desejo de grandeza.

Os próximos episódios da produção já estão disponíveis na Netflix e revelam muitas curiosidades sobre o famoso herói, que construiu um verdadeiro império. A série promete ser um deleite para os amantes de história.