Hoje, é muito simples fazer reclamações de serviços e produtos, porém, há 4 mil anos já existiam pessoas insatisfeitas
Hoje, é muito simples resolver uma insatisfação com um produto ou serviço. Através de um aplicativo ou ligação, é possível reverter o problema. Porém, engana-se quem pensa que há quase 4 mil anos as pessoas não tinham do que reclamar.
Na década de 1920, uma reclamação de "mercado" foi encontrada pelo arqueólogo britânico Sir Leonard Woolley. Na ocasião, ele estava em uma expedição pelo Iraque, passando pela cidade de Ur, da Antiga Mesopotâmia, onde vivia um mercador de bronze chamado Ea-nasir. Entenda!
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Antes de encontrar a placa, Leonard Woolley já havia vasculhado outras áreas da cidade, onde viviam a elite e onde funcionava o governo. Desta vez, ele queria conhecer mais da vida da população comum. Por isso, suas escavações foram focadas nas quadras em que ficavam casas e comércios de Ur.
Compreendendo o cenário, imagine a situação: em Ur, havia um mercador de bronze chamado Ea-nasir. Geralmente, ele comprava lingotes de cobre na cidade portuária de Dilmun (onde hoje é Bahrain), e os vendia em Ur, onde era utilizado para a fabricação de vários objetos importantes na rotina da região. E foi assim que encontrou um cliente insatisfeito.
Um cliente chamado Nanni enviou a Ea-nasir uma mensagem acusando-o de não ser um bom vendedor. A mensagem, no caso, não foi escrita em papel: fora registrada em uma pequena tábua de argila com 11,6 centímetros de altura e 5cm de largura, datada de 1750 a.C..
Escrito em acadiano antigo, o texto é, de maneira simples, uma reclamação de Nanni sobre o cobre vendido por Ea-nasir, que ele acusa de oferecer produto de baixa qualidade, além de tratar seu mensageiro mal.
Segundo Nanni, conforme repercute a Super Interessante, o comerciante havia lhe prometido cobre de boa qualidade, mas entregou um produto ruim. Revoltado, ele ditou uma mensagem a um escriba, que a registrou na placa de argila, com a escrita cuneiforme da época.
Você não fez o que me prometeu. Você colocou lingotes que não eram bons para meu mensageiro e disse: ‘Se você quiser levá-los, pegue-os; se você não quiser levá-los, vá embora!'", está escrito na placa, a princípio.
Em seguida, ele ainda reclama que seu mensageiro foi tratado de maneira rude pelo comerciante, e que ele não recebeu o produto que já havia pagado. Nisso, ele acrescenta:
"Tome conhecimento de que, a partir de agora, não aceitarei nenhum cobre seu que não seja de boa qualidade. Eu irei selecionar e pegar as barras individualmente em meu próprio quintal, e exercerei contra você meu direito de rejeição porque você me tratou com desprezo".
O local em que a descoberta ocorreu, vale mencionar, era provavelmente a casa de Ea-nasir, visto que, curiosamente, também foram encontradas outros fragmentos de placas que revelam insatisfação de clientes com a qualidade do cobre.
Além disso, também foram encontrados indícios de que, em algum momento, o comerciante havia parado de vender metais, e começou a focar em outros produtos. Ainda assim, no fim de sua vida, precisou vender parte de sua casa para conseguir se sustentar.
