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Desventuras / Nossa Senhora Aparecida

Em inúmeros pedaços: Como a estátua de Nossa Senhora Aparecida foi restaurada após atentado

No dia 12 de outubro, comemora-se o Dia da Nossa Senhora Aparecida; confira curiosidades sobre maior ícone cristão brasileiro

Éric Moreira Publicado em 11/10/2022, às 17h50

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Imagem de Nossa Senhora Aparecida - Reprodução/Vídeo/YouTube/Laudenir Ramos
Imagem de Nossa Senhora Aparecida - Reprodução/Vídeo/YouTube/Laudenir Ramos

No dia 12 de outubro, comemora-se o Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Símbolo de uma devoção genuinamente brasileira, a santa atrai milhões de fiéis todos os anos ao Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo.

Uma das histórias mais contadas sobre ela remete justamente à sua origem. De acordo com relatos, a imagem da padroeira foi encontrada por pescadores no rio Paraíba, há cerca de três séculos, e desde então foi adorada como símbolo religioso na região.

No entanto, ela não sobreviveu a todos esses anos intacta: quando foi encontrada, já estava dividida em duas partes, corpo e cabeça. Porém, definitivamente o momento de maior tensão envolvendo a preservação da imagem se deu somente muitos anos depois, em 1978.

Imagem de Nossa Senhora Aparecida atualmente
Imagem de Nossa Senhora Aparecida atualmente / Crédito: Reprodução/Vídeo/YouTube/Laudenir Ramos

O atentado

No dia 16 de maio de 1978, na Basílica Velha em Aparecida, durante a missa das 20hrs, uma das maiores 'tragédias religiosas' do Brasil pôde ser presenciada, como informado pelo g1.

No meio da missa, um jovem avançou em direção à Santa no altar, saltou a uma altura de dois metros até o cofre em que a imagem estava guardada e, mesmo tendo sido alcançado por um guarda, atirou a figura ao chão.

Foi nessa ocasião que o destino da antiga imagem se tornou incerto: partida em mais de 200 pedaços, parecia impossível de se restaurar a peça completamente. A história desse fatídico dia está registrada, ainda hoje, em diários de padres e na memória de alguns católicos da cidade.

Nem dá para chamar de restauração, foi uma reconstrução. Nossa Senhora teve que ser refeita. Ela não tinha pequenos defeitos, problemas de pintura ou um nariz quebrado. Ela não existia mais", disse o jornalista Rodrigo Alvarez, autor do livro 'Aparecida: a biografia da santa que perdeu a cabeça, ficou negra, foi roubada, cobiçada pelos políticos e conquistou o Brasil', conforme repercutido pelo G1 em 2014.

Restauração

Logo após a destruição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a Igreja cogitou que os fragmentos da peça deveriam ser enviados para restauro no Vaticano. No entanto, o trabalho acabou ficando a cargo da artista plástica brasileira Maria Helena Chartuni, que hoje tem 79 anos, e na época trabalhava no Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Ela estava toda quebrada em uma caixinha. O que eu senti na hora não foi nada agradável, foi uma espécie de pânico. Pensei: o que eu vou fazer agora? Aí, falei à ela: a senhora me colocou em um problemão e precisa me ajudar a sair dele", contou a restauradora, como informado pelo g1 em matéria de 2014.

Para o serviço, foram necessários 33 dias ininterruptos de trabalho, com a reorganização completa da escultura da santa. As partes que faltaram, inclusive, que foram completamente perdidas após sua destruição, foram também reconstituídas e igualadas às demais.

Restos da figura de Nossa Senhora Aparecida após sua destruição
Restos da figura de Nossa Senhora Aparecida após sua destruição / Crédito: Foto por Maria Helena Chartuni pelo Wikimedia Commons

Homenagens

Após finalizados os serviços na escultura de Nossa Senhora Aparecida, milhares de fiéis se reuniram em um cortejo do Corpo de Bombeiros em 19 agosto de 1978, em Aparecida. 

Foi um verdadeiro corredor humano até Aparecida. Foi a coisa mais emocionante que eu vi. Não foi marketing, foi uma explosão de fé verdadeira. Com toda emoção que houve, começou a cair minha ficha e tive o sentimento de dever cumprido. Certamente restaurou minha fé, e abençoou muito meu trabalho. Foi a restauração mais importante que fiz na vida", lembrou a artista Maria Helena Chartuni.

Porém, pouco depois do retorno da figura ao Santuário Nacional, o reitor, padre Izildo Santos, resolveu escondê-la para que pudesse retocá-la, alterando alguns traços e lhe dando um tom mais próximo à canela. Porém, a mudança não passou despercebida, e pouco depois Maria Helena foi chamada mais uma vez para salvar a imagem, que segue intacta até hoje.