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Há 100 anos, nascia uma moda festiva que surgiu como um sopro de liberdade

Os anos 1920 foram 'loucos' e criativos, na vida e na moda

Laura Wie (@laura_wie), especialista em História da Moda Publicado em 02/10/2021, às 06h00 - Atualizado em 07/10/2021, às 18h03

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Ilustração que retrata os anos 20 - Public Domain Pictures
Ilustração que retrata os anos 20 - Public Domain Pictures

Lá se vai um século desde o encurtamento das saias até (quase) os joelhos. Mostrar a canela e a panturrilha das pernas no início em 1920 ainda era um movimento recente, que deixou de ser contraventor a partir do momento em que a Primeira Guerra Mundial provocou a escassez de matéria-prima para a confecção de roupas.

Tecidos eram itens limitados e a busca por uma existência mais leve após o conflito – no vestir e no agir - e cheia de novos significados, tomou conta daqueles anos de euforia, quando o mundo comemorava a prosperidade e novas conquistas humanitárias.

Tempo de mudanças 

Na Europa e no Oriente Médio o mapa geopolítico ganhava contornos diferentes no pós guerra com o estabelecimento de novas fronteiras e países.

Os Estados Unidos lançavam tendências que se espalhavam rapidamente,
principalmente na música e no cinema. O ritmo Charleston - criado na cidade de mesmo nome, no estado da Carolina do Sul – e o já popular jazz, embalavam as “melindrosas”.

Os filmes falados, a partir de 1927, foram se transformando um setor de enorme influência mundial. As viagens a bordo de navios transatlânticos se tornaram costumeiras, assim como o compartilhamento de glamour, de uma estética moderna na moda e na decoração, e da emancipação feminina, que deu passos importantes nesta época nos dois lados do oceano Atlântico.

Participação política e liberdade para mulheres

O movimento sufragista possibilitou o voto para as mulheres inglesas em 1918, e para as
estadunidenses no ano de 1920. Aqui no Brasil tivemos uma primeira vitória em 1927, quando as cidadãs do Rio Grande do Norte obtiveram o direito de ir às urnas (em 1932 o sufrágio foi assegurado à mulheres de todo o país).

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Capa da revista A Scena Muda, número 1, via Wikimedia Commons

Essa luta com contornos feministas também avançou no mercado de trabalho, na prática de esportes e na vida social, o que ocasionou mudanças drásticas no modo de vestir.

Além de mais curtas, as saias e vestidos deixaram de marcar as formas femininas, possibilitando liberdade de ação. Roupas esportivas se firmaram com o uso do jérsei, um tecido maleável e com bom custo- benefício.

Para as festas à noite, que se tornaram mais frequentes e extravagantes - daí a origem da expressão 'anos loucos' nos anos 1920 - o uso de franjas, peles, pérolas e enfeites nas cabeças era primordial e acompanhado por bocas pintadas em formato de coração, com batom vermelho.

Inspiração francesa

Os estilistas de Paris ainda decidiam os conceitos de moda para o Ocidente, e assim o Brasil – apesar de não sofrer diretamente as consequências da Primeira Guerra Mundial – usufruiu da nova abordagem para o vestuário, centrada na irreverência e no luxo.

Revistas com todas as informações de estilo eram importadas da Europa,
mas as edições brasileiras sempre traziam croquis e moldes de lançamentos franceses.

É também neste período que os nossos artistas começam a despontar com mais ênfase: a Semana de Arte Moderna, que ocorreu em fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, trouxe efervescência ao propor uma identidade cultural baseada em nossas próprias referências. Uma reflexão que vai sendo absorvida ao longo do tempo.

Saiba mais no vídeo “A Moda no Brasil: Anos 1920”, com meu roteiro e narração.