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Matérias / Maria da Escócia

Cativeiro e rapto do filho: O que revelam as cartas escritas pela rainha Maria da Escócia durante prisão

A rainha Maria da Escócia foi presa durante 19 anos por sua prima, Elizabeth I

Luisa Alves, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/02/2023, às 15h38 - Atualizado em 09/02/2023, às 11h57

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Foto de pintura de rainha Maria da Escócia - Getty Images
Foto de pintura de rainha Maria da Escócia - Getty Images

Um das figuras históricas mais famosas do século 16, a rainha Maria da Escócia, foi presa por sua prima Elizabeth Ipor longos 19 anos. Agora, cartas escritas por ela em códigos durante o período em que esteve encarcerada, foram decifradas. Nesta quinta-feira, 8, um estudo publicado na revista Cryptologia revelou o processo para a decodificação dos textos.

Durante sua prisão, Maria da Escócia, além de comunicar-se com seus aliados, se esforçava para recrutar mensageiros e manter sigilo. Suas cartas eram endereçadas ao embaixador francês na Inglaterra, Michel de Castelnau de Mauvissière, que era seu apoiador.

Também conhecida como Maria Stuart, a Maria da Escócia escreveu as 57 cartas alguns anos antes de ser decapitada, em 8 de fevereiro de 1587. A crença, por séculos, era a de que o conteúdo dos textos — escritos entre 1578 e 1584 — estaria perdido. Nesses documentos, foram expostas fascinantes percepções sobre o local de aprisionamento da rainha.

Encontrando os documentos 

Durante uma busca por arquivos online na Biblioteca Nacional da França, o cientista da computação, George Lasry, o pianista aficionado em criptologia, Norbert Biermann, e o físico Satoshi Tomokiyo encontraram os arquivos.

O trio, inclusive, desconhecia a autoria dos documentos, descobrindo que eram de Maria da Escócia apenas depois de resolverem o seu sofisticado sistema de cifras. 

Essa descoberta foi ainda mais significativa por revelar aproximadamente 50 novos escritos que até então eram desconhecidos pelos historiadores. O trio mostra que a comunicação confidencial entre Maria da Escócia e o seu apoiador existia já em maio de 1578 e esteve ativa até meados de 1584. No entanto, o canal de comunicação confidencial entre eles já era bem conhecido pelos historiadores e até mesmo pelo governo inglês da época.

Juntas, as cartas constituem um corpo volumoso de novo material primário sobre Maria Stuart – cerca de 50 mil palavras no total, lançando nova luz sobre alguns de seus anos de cativeiro na Inglaterra”, conta George Lasry, em comunicado. 

Segundo o cientista, a rainha deixou uma extensa quantidade de cartas mantidas em vários arquivos, como informado pela Galileu. Entretanto, havia também evidências de que, nessas coleções, outras correspondências estavam 'sumidas'.

As cartas que deciframos provavelmente fazem parte dessas correspondências secretas perdidas”, diz também, em comunicado.

Textos em francês

Os documentos foram listados no catálogo da biblioteca desde a primeira metade do século 16 relacionados com assuntos da Itália. No entanto, as cartas nada tinham a ver com o país europeu e foram escritas em francês.

Códigos com os meses em cartas que teriam sido escritas por rainha Maria da Escócia / Divulgação / Lasry et.al

No texto foram observados verbos e advérbios no feminino e menções a cativeiros. Além do nome “Walsingham”, que se refere a uma pessoa da qual ela parecia ter desconfiança: o Sir Francis Walsingham, ninguém menos que o espião mestre de Elizabeth.

Presa por Elizabeth I 

Os católicos consideravam Maria — que era a primeira na linha de sucessão ao trono inglês depois de Elizabeth — a legítima soberana, o que fez com que sua prima se sentisse ameaçada, a mantendo presa por longos 19 anos

Em suas cartas, o trio descobriu que Maria da Escócia reclamava de sua saúde precária, da condição de cativeiro e das suas negociações com a rainha Elizabeth I para a sua libertação

Nos documentos, é possível identificar os sentimentos de Maria Stuart com relação a algumas figuras, como Robert Dudley, conde de Leicester e favorito de Elizabeth I, pelo qual ela demonstrava sentir rancor. 

Carta cifrada que teria sido escrita por rainha Maria da Escócia / Divulgação / Lasry et.al

Ela também revela sua angústia para com o sequestro de seu filho, James — o futuro rei James I da Inglaterra — que ocorreu em agosto de 1582. Além de sua sensação de que eles foram abandonados pela França

Morte

A rainha Maria da Escóciafoi executada aos 44 anos após uma suposta participação em uma conspiração para matar Elizabeth I. De acordo com os autores do estudo, outras cartas cifradas da rainha ainda podem estar faltando.

De acordo com George Lasry seria ótimo trabalhar com historiadores para a produção de um livro com os documentos decifrados, anotados e também traduzidos. Ele também diz que uma análise dos historiadores poderia resultar em uma melhor compreensão dos anos de cativeiro da rainha.

Em nosso artigo, fornecemos apenas uma interpretação inicial e resumos das cartas. Uma análise mais profunda dos historiadores pode resultar em uma melhor compreensão dos anos de cativeiro de Maria”, ele afirma.